Coleção de Frases e Pensamentos de Maria Almeida


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Maria Almeida
Sentir a presença do outro dentro de nós é bom, é a verdade.
Sentir borboletas no estômago é bom, é a vertigem.
Querer agarrar com ambas as mãos a alma e o corpo do outro é bom, é a vontade.
Querer que o outro esteja sempre bem é bom, é a felicidade.
… pois que, quando o outro veio, entrou sem bater à porta, instalou-se no coração e permaneceu na sua cama, nunca mais saindo de lá, ainda que a quilómetros de distância.
… mas para além do éden dos deuses, é essencial o tempo, a preservação, a solidez, a tranquilidade, a generosidade e, sobretudo, o respeito íntegro e a confiança serenamente construída.
… porque é com o outro que o abraço nos faz sentir que estamos em casa e somos mais fortes e leves, partilhando medos e neuras, dando forças e pedindo ajuda quando mais fragilizados, aguentando tudo e jogando em equipa.
… mas se o outro não nos engloba e se nós não conetamos o outro a nós, não vale a pena o voo alto, a não ser que se saiba usar paraquedas.
Viver um grande amor em pleno é uma questão de não dar o afeto aos bocados, de não subtrair e de não se ser a incerteza na vida do outro quando este é a certeza na nossa e a nossa certeza. É agarrá-lo e reconhecê-lo, mantê-lo intato no coração e elevá-lo, dando tudo sem pensar como se o mundo terminasse logo a seguir, quando os dois desejam a mesma coisa, quando o entendimento é real, quando se divertem e se protegem acima de tudo, e quando se admiram mutuamente sem se colocarem num supedâneo.
Viver um grande amor total é ter coragem e um coração cheio, é realizá-lo por dedicação ao sonho e à causa, sem nunca perder o toque, a essência e o fundamento, ainda que às vezes esgote e dê trabalho, mas que dura e jamais pára de durar.

Maria Almeida
Aos meus amigos, que não são muitos, mas que enchem a vida de brilho quando ela escurece, mesmo quando esta tira a casca, tritura e suga o sumo:
… porque se no amor é ou não é, na amizade também é assim;
… porque tudo, porque sim, porque sempre estiveram presentes na minha vida e em tudo o que ocorreu comigo;
… porque nunca desistiram de mim, das minhas gargalhadas e do meu lado avesso;
… porque me aceitaram como sou e não como uma projeção do que são, sem testes, siglas e sinais, com o seu coração e os seus olhos;
… porque muito me ensinaram, ajudando-me a evoluir e a tornar-me uma pessoa melhor.

Aos meus amigos,
… que dizem bom dia, por favor, desculpa e obrigada, “t’as bonita”, “nice, isso”, “t’as exagerada”, “não comas essa patetice”, palavras rápidas e simples e palavras que não se querem ouvir, aquelas que doem mas que também são necessárias;
… que nos levam aos concertos ou ao cinema, que nos emprestam o casaco quando temos frio, que nos mudam o pneu furado do carro, que nos abraçam forte como se viesse aí o fim do mundo – apesar de terem estado connosco no dia anterior – que nos tiram o copo da mão quando começamos a rir demasiado, que afastam a nossa madeixa de cabelo da frente dos olhos quando o vento a puxa para lá, que quebram o muro com a sua autenticidade e paixão pela vida, e que nunca desistem a não ser quando a vida os obriga.

Aos meus amigos,
… porque são os melhores, porque sentem como eu e como eu não escondem ou abafam o que sentem, porque são felizes assim e sabem que quem vive com paixão – regendo-se pelo que esperam deles próprios – vive com o sangue a correr nas veias, e esta é a melhor parte, uma parte do amor em que tudo se faz com fraternidade.

Maria Almeida
Ao amor.

Não sei o que é o amor. Talvez seja um sentimento. Eu sinto-o como algo etéreo que nasce connosco no âmago da nossa essência.
Penso que o amor é afeto, respeito e apego – sem ser dependência – riso e siso, leve e sério, um bem raro e um hábito saudável numa relação a dois e para os dois, um par de igual para igual, cada qual autónomo em espaço e em tempo, um equilíbrio entre o amor – próprio e o amor pelo outro, para que o relacionamento tenha o seu próprio dinamismo e não seja minado, o ponto certo entre o que damos e o que guardamos. É uma harmonia dentro do peito que se ilumina sempre que sente o outro, que o vê e que o recorda, um sorriso que se vai fortalecendo apesar das diferenças e que torna possível a árvore da continuidade. É o desejo ardente e profundo de estar ao seu lado nas suas fraquezas e vitórias, de cuidar do seu corpo e do seu espírito quando adoece, quando fica cansado e quando sente o desgaste, percebendo-o como uma radiografia, pequenos gestos de grandes atenções, pequenas palavras de grande carinho. É dar-se totalmente e não antecipar a perda por não se conseguir fazê-lo, como uma barreira de protecção. É vontade, paciência, compreensão, perdão, acreditar e confiar, esperar sempre o melhor dos dois e para os dois. É não discutir e não calar, somente conversar leve e abertamente, sem rodeios e dramas, pois cada um transporta dentro de si a sua história de marcas e de medos.
Não sei o que não é o amor. Sei que está acima da vida e da morte. Sei que é não julgar, não cobrar, não é ausência, silêncio, sofrimento, jovialidade, paixão e ânsia. Sei que é não andarmos atrás dele, como se andássemos em campanha eleitoral, e que o mesmo só se justifica na tranquilidade e na paz com que tudo se constrói, na vida e no calor, na incondicionalidade mais forte que nós.