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Thiago Maciel
Coleção de Frases e Pensamentos de
Thiago Maciel
9 frases
“
Vacuidades
Aquelas pessoas que, por uma razão ou outra, simplesmente pegaram as suas coisas e se foram, sem olhar para trás, sem querer saber se estavam esquecendo algo pelo caminho. E pelo caminho ficaram as lembranças, que vamos juntando e juntando, mas cada vez ficam mais escassas, e a cada passo que damos em direção à essas pessoas, elas vão ficando menores e menores, até que desaparecem. Por mais que nos esforcemos para alcançá-las, a vontade de fuga, às vezes, se sobrepõe ao nosso esforço. Outras, ocasionalmente, caminham em nossa direção.
Daquelas que não conseguimos alcançar, ficam os espaços vazios que nos fazem falta, e tratamos de completá-los com outras.
É assim, nesse vai-e-vem e nessa constante tentativa de substituição e esquecimento, que vamos caminhando.
”
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Thiago Maciel
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Extraverbalidade
Durante a sua vida, ele tornou-se uma pessoa observadora dos pequenos detalhes, crítico do que era indiferente para os demais, talvez, e que para ele guardava muitos significados e muitas explicações. Nem sempre foi assim. Ele já foi um pouco avoado, estabanado nas suas decisões e nas suas reações e pouco se importava com os demais, o que não o fazia mais ou menos feliz.
Aprendeu a conhecer o que as pessoas queriam dizer, quando não queriam dizer. A extraverbalidade de um olhar, de uma carícia ou de um gesto. O que estava guardado atrás de um punhado de palavras. O que permitia identificar a sutileza de uma mentira ou a franqueza de uma verdade.
Era atencioso com a atitude das pessoas, o que permitiu saber o motivo dela sempre ter desviado o olhar quando pronunciava “te-a-mo”, o que o incomodava bastante. Entendeu o porquê dela rechaçar as suas tentativas pegar na mão dela em público. Ele percebeu que a falta de ciúme não fazia parte da personalidade dela, a coisa era com ele. E através dos atos dela, ele soube o motivo dela nunca ter se importado com as decisões dele. Aliás, ela nunca se importou, realmente, com ele.
E finalmente ele soube o motivo dela ter demonstrado uma lívida indiferença enquanto dizia não gostar mais dele.
Tudo isso lhe causava uma dor lancinante. Ele já não era mais ingênuo.
”
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Areia movediça
Era uma areia fina e molhada, uma planície convidativa. Os pés aos poucos foram introduzidos, engolidos, submersos entre aqueles grãos microscópicos, sem resistência alguma. E sendo cobertos, centímetro por centímetro da pele, os tornozelos logo desapareceram no meio daquela massa, que continuava a escalar as canelas que quanto mais se moviam, mais afundavam. O esforço para sair dali era em vão, e aquele corpo era lentamente consumido como se esse fosse seu único propósito, e os joelhos desapareceram, e já não existia força suficiente para qualquer reação, senão aguardar o aniquilamento iminente, que agora já beirava o abdome, os intestinos e seguia consumindo rumo ao tórax. A pressão aumentava a cada segundo dentro daquele sepulcro irrevogável, que quanto mais fazia imergir aquele cadáver, que dava seus últimos respiros, mais fazia emergir a angústia, a tristeza e o arrependimento que já havia destruído a amplidão do seu interior. Queria poder acelerar aquele sofrimento, deslizar para o fundo e terminar naquele instante. Nem o tempo o favorecia. Era a pena que deveria cumprir, segundo trás segundo, vagarosamente. Era sua sina. Os braços abertos, imóveis, rendidos àquela infelicidade pela exaustão, estavam privados do contato extrínseco, e o único que sentia eram as partículas entrando pelos poros, envenenando-os. Se enterrava. A respiração era difícil, asfixiante, e o esforço para mantê-la era descomunal. Os olhos estavam arregalados quando seu pescoço foi soterrado, e por segundos se pôde ver uma lágrima cair e se misturar com a areia, que logo invadiu a boca, os olhos e encheu os pulmões, em um suspiro inconsolável.
”
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Tinta guache
Hoje, o cheiro da tinta guache ainda o fazia lembrar seus tempos de pré-escola. O cheiro sobreviveu, mesmo após tantos anos, em algum lugar entre seus neurônios, agarrado à sua alma. Sentir aquela essência não era muito comum, e houve um tempo em que ele esqueceu o quanto era bom ter de volta aquelas memórias de sua infância com apenas uma fungada. Era como uma reação em cadeia, que o remetia ao exato local onde ele se encontrava quando tinha apenas seis anos. Fechando os olhos e deixando o ar entrar até o bronquíolo mais distante, conseguia lembrar da cor das paredes, dos cartazes pendurados com desenhos e letras do alfabeto cursivo, das janelas que serviam de suporte para o copinho de feijão plantado no algodão, da mesinha com um papel sujo de tinta, da professora, do bebedouro do corredor, e até do barulho da sirene que anunciava a hora do recreio. Nenhum outro tinha o poder de fazer o que o cheiro da tinta guache fazia. Era sublime. Quase tão bom quanto esse, era o cheiro do jornal gelado. Isso, jornal gelado. Essa combinação tinha o poder de teletransportar, também, ao passado, quando sua mãe trazia picolés do mercado, enrolados em folhas de jornal para que não derretessem no caminho. Ele sentia naquilo um cheiro característico que, agora com alguns anos a mais, o fazia sorrir sozinho, mergulhado naquelas lembranças. Para ele, aquilo era a sua própria máquina do tempo. Tentou, inúmeras vezes, definir qual era o melhor, comparava um com o outro, mas nunca obteve sucesso. Eram tantos cheiros e tantas lembranças. Até aqueles que, para ele, não traziam recordação nenhuma, eram bons e mereciam estar na lista dos melhores. Pensou no cheiro de livro novo, no cheiro de terra molhada, no cheiro de grama cortada, no cheiro de massa de modelar. Lembrou também do cheiro de café recém passado, no cheiro da canela e no cheiro da comida da vó.
Não adiantava. Definitivamente, a tinta guache era incomparável.
”
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Pé - d água
Todas as noites, antes de dormir, ele passava horas pensando. Como em um ritual diário, se deitava, se cobria com um lençol consumido pelo tempo, murmurava as mesmas palavras e queixas dos últimos cinquenta anos. Mantinha seus olhos abertos. Eram duas bolitas negras e úmidas, que se misturavam com a escuridão daquele quarto. Se sentia só. Sentia que seus pensamentos e sua imaginação eram a fuga do enlouquecimento que poderia surgir a qualquer momento, ocasionado por aquela angústia constante. A chuva começou a cair.
Estava deitado, escutando o barulho. Pouco a pouco surgiam as lembranças da sua juventude, que já estavam quase cobertas de poeira, e esta noite ele pensou:
Assim como essa chuva chove, já chovi na vida de muitas pessoas. Entrei na vida de muitas como se tivesse caído do céu, assim, de repente, como quando molha imprevisivelmente. De umas, permaneci por várias estações. De outras desapareci, como uma chuva de verão, que se faz evaporar rapidamente. Lembro-me, também, que já tentei chover para algumas que carregavam guarda-chuvas. Haviam os grandes e os pequenos. Os coloridos e os pretos e brancos. Comecei chovendo aos poucos, e acabei chovendo intensamente, sem perder a serenidade. Eu chovia na vertical e na diagonal. Mas nada adiantava, os guarda-chuvas eram eficazes. Também existiram pessoas que choveram na minha vida. Houve as que caíram como uma garoa que quase não molha, que incomoda. Entretanto, houve as que caíram como um temporal, desses que nos deixam ensopados, às vezes submersos nelas mesmas.
Ainda que pudesse cair a mais fina das garoas, não possuo guarda-chuva. Estou seco, e assim esperarei a próxima gota que cairá sobre mim.
E finalmente ele dormiu.
”
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Thiago Maciel
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Silêncios
Todas as coisas que são ditas dentro do teu silêncio me inquietam,
Assim como a distância que separa os meus braços dos teus abraços,
E esta incerteza de que se voltarei a olhar dentro dos teus olhos,
Ou se minha pele tocará novamente tua pele, definitivamente me inquietam.
E se nossos olhares se encontrarem em alguma tarde cinza, meu amor
Desejo que o tempo pare para eu te contar todas as coisas que sinto
E irei me dissolver em versos porque tu és a personificação da poesia,
Então a tarde se transformará em eternidade e o cinza em raios de sol.
Não tenhas medo, meu amor, pois o amor que sinto é suave e sincero
E se meus olhos tocarem os teus olhos e meus lábios tocarem os teus lábios
E quando nossos suspiros se confundirem e se combinarem, e forem apenas um
Eu estaria submerso em uma absoluta felicidade que me faria mais vivo.
Cada beijo dado será um mergulho na tua alma e meu colo será teu refúgio
Porque minha alegria completará tua alegria e tua ternura completará minha ternura
Nossos medos deixarão de ser medos porque um será a coragem do outro
E todo o nosso silêncio será preenchido com versos serenos, mesmo se pequenos.
”
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Thiago Maciel
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Ele e ela.
Seriam ele e ela.
Ele dela e ela dele.
Eles deles mesmos.
Eles para eles.
Mas nunca foram eles.
Foi ele.
E foi ela.
Se foram.
”
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Thiago Maciel
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“
Descuido
vem cá
pra cá
pra cama
sem pressa
pra essa
peça e
me beija
depois
me deixa
agora
vai lá
pra lá
e saia
bem quieta
e ama
e se
completa.
”
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Thiago Maciel
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“
Saltimbancos
Acrobata, que tanto se equilibra em harmonia
Pule desse trapézio que já é pequeno demais
Para caberem todos os seus sonhos teatrais
E, assim, deixe-se navegar nesse mar de calmaria
Você, bailarina, que faz suas piruetas macias
Rasgue a roupa apertada para que não lhe prenda
Escolha uma sapatilha que o fogo lhe acenda
E voe, misture-se com o ar que lhe traz ousadias.
Malabarista, você que lança tanta sorte às alturas
Pare de alternar em seu rosto a alegria e a tristeza
Porque enquanto uma é coragem, a outra é incerteza
E um dia, talvez, seus sorrisos serão nossas loucuras.
Vá, palhaço, coloque seu nariz e vista sua peruca
Sinta por dentro a felicidade que aparenta agora
Já que atrás da sua maquiagem o choro lhe devora
E esqueça toda essa coisa que mais lhe machuca.
Todos vocês, saltimbancos desses grandes picadeiros,
Façam de suas vidas espetáculos majestosos
Que não faltem gestos audaciosamente amorosos
E então permanecerão vivos os artistas verdadeiros.
”
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Thiago Maciel
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Thiago Maciel
Membro desde:
05/10/2013
Frase do Dia
“
Quando a alma, ao termo de mil hesitações e desenganos, cravou as raízes para sempre num ideal de amor e de verdade, podem calcá-la e torturá-la, podem-na ferir e ensanguentar, que quanto mais a calcam, mais ela penetra no seio ardente que deseja.
”
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Abílio Guerra Junqueiro
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