Frases de Memória (adicionadas pelos usuários)


Mário Pereira Gomes
Flatland: a romance of many dimensions é uma novela satírica de Edwin A. Abbott sobre a cultura vitoriana. A primeira parte ambienta o leitor com o mundo e a cultura de Flatland, um mundo bidimensional, enquanto que a segunda aborda como o Quadrado (protagonista) toma contato com outras dimensões. Ele é visitado por uma esfera que visita Flatland em cada virada de milênio em busca de alguém capaz de compreender e aceitar a existência de um mundo 3D. O Quadrado não acredita na Esfera, até que esta realiza algumas vezes o movimento de atravessar o mundo 2D. Mesmo assim o Quadrado reluta em aceitar que tudo que ele sabe não é exatamente tudo o que existe. Então a Esfera o pega e leva-o para seu próprio mundo. Os outros habitantes ao verem a cena começam a se questionar e os líderes de Flatland, em segredo reconhecem a existência do mundo 3D, mas manda matar e prender as testemunhas de acordo com a casta. Depois de aceitar a verdade o Quadrado tenta em vão convencer a Esfera da existência de um mundo 4D, mas ela é irredutível e leva o Quadrado de volta para Flatland. O final do livro é triste: o Quadrado não consegue convencer ninguém, nem mesmo o irmão, da existência do mundo 3D e termina preso por defender tal ideia. Anos depois ele escreve um livro de memórias, que reconta suas aventuras e descobertas, com o intuito de ser lido pelas gerações futuras que ele espera que sejam menos intolerante e mais abertas. É um livro que nos ensina uma importante lição: humildade. Perceber que não sabemos tudo e o que chamamos de mundo real pode ser só uma pequena parte de uma realidade maior.
Tiago Amaral
A Cidade dos Gatos

Noite linda céu de estrela ascendente.
Memorias remotas ao longe vinha como
lembrança de um belo e singelo rosto.
“Então antes de pensar morra!” disse
alguém ao longe.
Trazido pelo ar o som daquela tenebrosa
voz, chegava até a mim pela janela.
Que nem sei aquém pertencia cujo um
pavor em mim eu sentia.
E se cabia a mim refletir sobre aquilo.
E as ruas escura e solitária, pôs a noite
tinha acabado de chegar a um certo
tempo.
Cada beco escuro era visto os olhos
brilhante de algum gato.
Parei para admirar tal gato preto que
por mim do meu lado passava, e ouvir
do outro lado: “A cidade a noite é deles”
disse um velho que por mim tinha
acabado de passar que eu nem mesmo
havia notado, só quando ele proferiu
a tal frase.
E a noite parecia ser dada de presente
para eles.
E num encontro de dois gatos numa
rua, parecia que um dizia para o outro:
“O que se passa?”
“Os gatos são os donos da noite”
disse a mim uma figura misteriosa
que por de trais de um capuz seu
rosto eu não podia ver.
“Que cidade mistérios e intrigante”
pensava eu.
Cidade na qual tinha acabado de
mim mudar naquela data de “01/11/1888.”
E numa andança pela cidade ao dia
notei que ao dia a eles também
pertencia.
Ao fazer companhia aos feirantes e
pescadores perto do mar.
Se fartando nos restos de peixes.
E nos seus focinhos dava para ver
quanta alegria neles era vista em cada
ronronar de felicidade.
Então de baixo daquele dia lindo me
dirigir ao encontro de minha amada
na cidade dos gatos.

Carlos Vieira de Castro
O HOMEM DE RUA E O MANEQUIM…
(Ou como o sonho bem sonhado e sentido se pode tornar realidade)
Mal as luzes da cidade se iam incandescendo e a noite caindo a pique na cidade indiferente e fria; passavam gentes e arrumavam-se dele como se ali estivesse um cão sarnoso ou uma mortífera cobra cascavel, prontos a contaminá-los ou a mordê-los.
O certo, é que quase sempre e impreterivelmente àquela mesmíssima hora, ele lá vinha em pose teimosa e ar saudoso e pesaroso e quando chegava frente à montra, transfigurava-se e vestia um olhar de meiguice. Ele, mesmo, naquele pobre corpo sujo que pedia alimento e rejeitava sofrimento.
Adotava então uma posição de adoração, amorosa mesmo, e dialogava para o manequim vestido de noiva reluzente e este, Deus meu! respondia-lhe com meiguice.
Era o bastante para lhe acudir à memória já sem estória, o dia do seu casamento, a noiva de véu e grinalda e ele de fato de corte e estilo inglês, pose de cavalheiro cortês.
Lembrava também com amargura e muita revolta os empurrões e puxões para onde a vida falsa o catapultara: o desemprego sem receber um prego; o álcool que o abraçou; a família que o ignorou; a solidão e a rebeldia com que então ele casou.
Tudo isto e mais e mais ele continuava a contar com uma quase loucura à sua amiga manequim, confidente e nunca indiferente, apesar da sua indesmentível beleza e cabelos falsos, da cor do ouro pintados.
E não é, senhores, que de súbito ela desce do baixo pedestal em que a colocaram; abandonou a montra onde a postaram; vem cá fora ao passeio da rua a cheirar à trampa de muita gente; de muitas solas de sapatos que calcaram dejetos; dá o braço torneado, bonito, ao sem-abrigo, e lá seguem os dois, lado a lado, sorridentes, apaixonados e mesmo enlaçados.
Caminharam os dois, passeio adiante, pela cidade cada vez mais fria e menos sem gentes.
Foram, foram, até a um infinito da cidade e jamais os enxergaram de vista, até hoje…