Frase de Gustavo Santos
| “ Ja não haverão mais palavras forjadas a tinta e sangue São estes, serão estes os versos finais que te escrevo Em meu peito ja não arderá a chama das tuas mãos Em meus olhos ja não haverão resquícios da palavra saudade. E em algum lugar, talvez em algum outro lugar Recordarás aquele velho minuto de um poente Quando nas tuas pupilas nascia a foz de um rio furioso Quando éramos sem que soubesse raiz e terra. E assim verás que talvez estivesse em algum lugar oculto O fogo e a chave das palavras felicidade e afeto Mas agora em ti aparece o eco da palavra nostalgia Em ti, em mim, seremos sempre a estrada que o amor não encontrou. Tivemos talvez perdido o tempo, gastados em vão o silencio O silencio que haverá senão mais por ser apenas silencio Perdeu, perdi, perdemos, o sabor do dia puro Perdemos as noites estreladas (noites que não tivemos). É inverno, e certamente aqui ou em qualquer outro lugar Minhas palavras ja não encontrarão morada alguma em ti E ja não haverão outras noites, não haverão outros dias Por fim, não haverão mais palavras a serem erguidas.” |
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| “ Eles seguem desesperados em cantos de oração. Como se apenas agora a terra precisasse de ajuda, Como se por séculos o mundo já não vivesse doente, Cegos de egoísmo, embriagados de soberba e orgulho. Porque depois de tanto eles pedem por clemência? De era em era, a cada tocar de sino ou soprar de bandeira Nascem repetidas tragédias pelas ruas da morte. Bocas sem alimento, homens e mulheres sem residência, Pés descalços, mãos frias, vazias de esperança. Não de agora as calamidades batalham nações. Antes de nós milhões faleceram em guerras pandêmicas, Cotidianamente a miséria entrega à terra os defuntos Mas só agora, não ontem e nem antes de ontem, Só agora eles ordenam juntos a prece crua e vã, Eles seguem em janelas rezando e eu sigo recluso.” |
Gustavo Santos