Coleção de Frases e Pensamentos de Mário Pereira Gomes

4.047 frases

“A organização na Alemanha que representou o maior ponto de resistência contra o regime nazista foi a Igreja Católica por responder a uma autoridade que não morava na Alemanha, por sua estrutura, pela profundidade em que suas instituições estavam enraizadas na sociedade alemã e por sua fé que chocava-se com o credo genocida dos nazistas. As igrejas protestante e evangélica logo foram nazificadas; muito por causa de ao longo da história terem dependido da ajuda estatal para existirem. O grande feito da Igreja Católica na Alemanha, por meio do sermão do bispo Clemens August Graf von Galen de Münster, foi ter desacelerado o programa nazista de eutanásia.”

― Mário Pereira Gomes

“Na tarde de 30 de junho de 1941, uma delegação do Politburo conduzida por Molotov se dirigiu à dacha de Stalin. Este ao ver o grupo ficou com medo que o prendessem, mas depois percebeu que eles desejavam seu retorno para Moscou para que liderasse a URSS contra o invasor. Seu medo pode ter partido da percepção de que o desastre que acabara de se abater sobre a União Soviética foi em grande parte culpa sua que sucessivas vezes ignorou os alertas de seus agentes secretos sobre uma invasão alemã, realizou expurgos nas forças armadas na década de 1930 e não preparou o país para a guerra.”

― Mário Pereira Gomes

“É equivocado nomear o Iluminismo como Era da Razão como se razão, para os iluministas, fosse apenas a aplicação do pensamento lógico-matemático. O que os iluministas tinham em mente ao defender que a pessoa deveria seguir a própria razão era, além do raciocínio lógico, bom senso, civilidade, temperança, razoabilidade e compaixão. Outro equívoco decorrente do primeiro é afirmar que os iluministas se opunham a religião. Eles eram contra os aspectos da religião cristã que consideravam como meras superstições; o que se trata de um desenvolvimento dos protestantes ao catolicismo. Os iluministas buscaram expurgar o Cristianismo desses aspectos para (re)criar uma religião natural. Tiveram sucesso na primeira parte, mas tal ato não resultou numa religião natural e sim na morte de Deus no século XIX.”

― Mário Pereira Gomes

“Nota-se uma diferença clara na ocupação do espaço geográfico quando se trata da colonização da América pelos reinos ibéricos. A Espanha tinha um código legislativo que estipulava como deveria ser a cidade: No centro, uma praça central chamada Plaza Mayor ou Plaza de Armas na qual ficariam os edifícios mais importantes: a igreja, a Câmara Municipal e as casas dos mais ricos colonos e comerciantes. As ruas deveriam ser retas, com quadras iguais, quase sempre quadradas num padrão de grade. Ou seja, a América Espanhola tinha algo que faltava e, ainda falta, na América Portuguesa: planejamento urbano. Já Portugal tinha uma estratégia diferente. A maior parte dos primeiros assentamentos portugueses no continente americano foram em colinas costeiras por conta da proteção que elas forneciam para as naus e as feitorias. A proteção veio com um custo: a dificuldade em se transportar bens e mercadorias entre a "cidade alta" e a "cidade baixa". O que explica tal discrepância entre as cidades da América Hispânica e Portuguesa é o fato de que na primeira os colonizadores depararam-se com grandes centros urbanos criados por sociedades hierarquicamente centralizadas; algo ausente na parte da América colonizada pelos portugueses.”

― Mário Pereira Gomes

“2.5% da população europeia morreu nas Guerras Napoleônicas; a França foi o país que mais sofreu: 1/3 dos homens nascidos entre 1786 e 1795 pereceram nas campanhas de Napoleão.”

― Mário Pereira Gomes

“Na época em que Marx viveu era nítido a divisão entre aqueles cuja renda vinha exclusivamente do capital (burgueses) e do trabalho (proletariado). Com o deslocamento da força de trabalho da indústria para os serviços vemos pessoas que ganham muito tanto pelo seu trabalho quanto pelo capital investido. Essa situação torna inadequada a separação da sociedade entre burgueses e o proletariado.”

― Mário Pereira Gomes

“Na campanha de Heráclio II contra o Império Sassânida, ocorrida na década de 620, o número de soldados bizantinos era de 5 mil, enquanto que o de seus aliados goturcos era de 40 mil. Essa discrepância deveu-se aos surtos de peste bubônica ocorridos no século anterior. Como se tornou a norma desde a Revolução Agrícola, as zoonoses eram mais destrutivas nas populações sedentárias do que nas nômades.”

― Mário Pereira Gomes

“Desde o século III EC, os impérios Bizantino e Sassânida passaram a empregar árabes em seus exércitos. Com o passar do tempo despontaram líderes tribais que usavam suas forças para extorquir a população local e até mesmo a criação de reinos vassalos nos territórios dos impérios supracitados. Algo similar ao que aconteceu ao Império Romano do Ocidente nos séculos IV e V AEC. Então, observe que os árabes sob a bandeira do Islã foram os retardatários da expansão árabe sobre o Crescente Fértil. Isto significa que a ideia de que tribos árabes rebelaram-se contra o califa Abu Bakr por conta da morte do elemento aglutinador, Maomé, seja uma invenção da historiografia islâmica cujo objetivo era de apresentar a expansão árabe como um empreendimento exclusivamente islâmico.”

― Mário Pereira Gomes

“Os calcanhares de aquiles da visão liberal e marxista da História são os anos de 1914 e 1989, respectivamente. Na visão liberal da História tanto o socialismo quanto o fascismo são desvios no caminho dourado em direção à democracia, livre-mercado e progresso. Todavia, ela não consegue explicar de maneira satisfatória como a ordem liberal em seu ápice acabou por gerar a então Grande Guerra e uma retração acachapante da globalização e do Estado de Direito cuja recuperação só foi possível após mais um conflito global. Não é algo desejável basear sua sociedade numa ordem que degringole em autoritarismo a cada crise do sistema capitalista. Já a visão marxista da História falha em explicar como as nações do Leste Europeu após terem adotado o socialismo "retrocederam" para o capitalismo. É algo que não faz sentido se sua visão da História for teleológica como é o caso dos marxistas. Ela também falha em explicar os motivos pelos quais o socialismo foi adotado majoritariamente por nações pobres e rurais da Ásia e África e não pelas industrias do Ocidente como preconizava Marx.”

― Mário Pereira Gomes

“Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39), Hitler deu apoio aos nacionalistas por meio da Legião Condor. Seus membros criaram uma canção militar (Parademarsch der Legion Condor). Getúlio Vargas, o fascista de estimação da esquerda brasileira, enviou militares para a Alemanha com o objetivo de aprender as técnicas dos paraquedistas da Luftwaffe. Além do conhecimento militar trouxe a melodia da canção supracitada que está presente na canção brasileira Dragões do Ar da Brigada de Infantaria Paraquedista. Com a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente com a Operação Barbarossa, a canção da Legião Condor se tornou imensamente popular entre os nazi-fascistas europeus. Como a Waffen-SS, a força do Eixo responsável pelas maiores atrocidades no front oriental, era uma força militar multicultural; várias versões surgiram sendo a mais famosa a SS Marschiert in Feindesland/Teufelslied que em português significa SS Marcha em Território Inimigo/Canção do Diabo.”

― Mário Pereira Gomes

“A estratégia do PT para o ano que vem é a mesma de 2018: forçar um segundo turno entre seu candidato e Bolsonaro. Isto significa que Ciro Gomes vai ser alvo de uma propaganda suja e pesada do PT, pois os dois disputarão o mesmo nicho político.”

― Mário Pereira Gomes

“Que o conceito de "fake news" tenha se popularizado somente após a chegada ao poder de populistas de direita mostra o viés de esquerda dos profissionais de comunicações.”

― Mário Pereira Gomes

“Apesar do socialismo real ter acabado em 1991, seus seguidores ainda negam sua morte. Eles decidiram embalsamar o cadáver e colocá-lo dentro de um caixão de vidro para ser cultuado tal como os soviéticos fizeram com o corpo de Lênin.”

― Mário Pereira Gomes

“Realmente não sei porque as pessoas ficaram surpresas em Bolsonaro ter aumentado o IOF para turbinar o Bolsa-Família. Dos altos salários do funcionalismo público é que não viria o dinheiro.”

― Mário Pereira Gomes

“Tanto à esquerda quanto à direita a importância de Paulo Freire é superestimada. O método dele não é novo e sequer original; basta olhar para como a Igreja Católica partiu do mundo cultural das pessoas para catequizá-las. E a referência a catequese é bem-vinda, pois foi exatamente isto que Paulo Freire buscou fazer: "despertar" a consciência de classe dos trabalhadores e prepará-los para a revolução que já tinha acabado com o fim da URSS. As pessoas brigam por ele apenas para marcar posição; muitos dos que discutem sequer leram um livro dele ou sabem onde ele nasceu. Enquanto isto a educação brasileira continua sendo deficitária.”

― Mário Pereira Gomes

“Hitler não prometeu aos alemães a bem-aventurança do reino de Deus, mas o suicídio coletivo do Ragnarök a partir do qual um novo mundo surgiria; o que foi exatamente o que aconteceu em 1945. Daí o governo nazista ter focado na preparação da população para a guerra, ao invés de melhorar a vida do povo, e continuar lutando mesmo com os soviéticos às portas de Berlim. Que as principais lideranças nazistas tenham morrido pelas próprias mãos foi a conclusão lógica de tal ideologia suicida.”

― Mário Pereira Gomes

“Observe que as ações dos governantes vistas com ojeriza pela população não são aquelas relacionadas ao cargo que ocupam, mas à vida privada. O adultério da ex-esposa de Bolsonaro chamou muito mais a atenção de que a fala, de um réu confesso, sobre a corrupção da família do presidente. As pessoas não votam em alguém para administrar a coisa pública, mas em quem elas gostariam de levar ao bar.”

― Mário Pereira Gomes

“Não pense que o escândalo de se pedir propina das vacinas é uma anomalia na história brasileira ou uma exclusividade do atual governo. Usar-se do dinheiro para abrir as portas da burocracia por dentro é um costume difícil de ser deixado, pois o funcionamento atual da república torna tal prática possível e vantajosa para os envolvidos.”

― Mário Pereira Gomes

“Dividir os conflitos sociais na visão monolítica de oprimidos e opressores obnubila nossa apreensão da realidade. Vivemos hoje uma situação muito pior do que aquela do segundo mandato do governo Dilma. E, no entanto, não se vê manifestações pelo seu impeachment amparada em ampla cobertura midiática. Será que as pessoas ficaram apáticas ou se resignaram? Não! O fato é que desta vez não há um consenso em nossas elites sobre o futuro do atual governo. Nos estratos mais altos da sociedade brasileira há grupos que lutam, negociam e barganham com o fim último de acomodar seus interesses e impedir que o povo dê ouvidos ao canto da sublevação social. Daí a ditadura ter acabado sem punições para os agentes da repressão, Dilma não ter perdido seus direitos políticos, Portugal ter pago uma indenização aos batavos para ter o Nordeste de volta, as prisões e condenações da Lava-Jato serem provisórias e D. Pedro I do Brasil ter feito a paz com Portugal por meio de milhões de libras esterlinas. É esse caráter acomodatício de nossas elites, a inexistência de uma terceira via forte e o conflito intra-elite que impede Bolsonaro de ser derrubado. Claro que se Bolsonaro esticar muito a corda esta se arrebentará e ele, junto com sua família, sofrerá amargamente.”

― Mário Pereira Gomes

“As Jornadas de Junho foram manifestações antissistema que reuniram pessoas à esquerda e à direita do espectro político, enquanto que as manifestações de ontem foram da alt-right com o claro objetivo de subjugar as instituições democráticas ao presidente. Então, não acredite que elas são a mesma coisa porque não são.”

― Mário Pereira Gomes

“Nas décadas de 1920-30, existia um ódio recíproco entre os social-democratas e os comunistas da República de Weimar. Estes chamavam os primeiros de "social-fascistas" e odiavam-nos mais do que aos nazistas. Isto porque a social-democracia, com sua política de bem-estar social, significava a morte da revolução. Já o nazismo, segundo os comunistas, levaria o sistema capitalista ao ponto que a única saída para o povo era a derrubada do sistema e o início da ditadura do proletariado.”

― Mário Pereira Gomes

“Em 1933, o principal opositor de Hitler na Alemanha era a SA (Sturmabteilung). Tal grupo paramilitar, chefiado por Ernst Röhm, desejava que o nazismo se apegasse mais ao segundo termo do que ao primeiro do binômio nacional-socialismo. A SA chegou ao número de 3 milhões de integrantes, principalmente entre os jovens universitários alemães, e propunha colocar sob seu poder o Reichswehr (o exército oficial alemão) que ainda era reticente sobre apoiar Hitler e viu como ameaça existencial a SA. Só depois da Noite das Facas Longas é que Hitler passou a ter o apoio das forças armadas.”

― Mário Pereira Gomes

“Dada a qualidade de nosso meio político temos padrões bem baixos, diminuídos ainda mais com a chegada de Bolsonaro ao poder, quanto ao próximo governante. Só tendo isto em mente para compreender como Moro, Joaquim Barbosa, Mandetta e Luciano Huck tenham sido cogitados ao status de presidenciáveis.”

― Mário Pereira Gomes

“Um bebê chora e recebe alimento, carinho, proteção, etc. À medida que cresce a criança pode se tornar birrenta; que é quando ela continua com a estratégia do choro, mas que já não funciona por ela estar maior. Então, ela começa a escutar não e descobre que seus pais não são extensões dela para sempre lhe obedecerem. O problema é quando tal maturidade não ocorre, e a criança se torna um adulto infantilizado que faz birra, ameaças vazias e choro para conseguir o que quer. O problema é ainda mais grave quando a pessoa em questão governa um país. Ela não aceita limites ao seu poder e vê quem não lhe obedece como uma ameaça existencial.”

― Mário Pereira Gomes

“A agressividade e megalomania de Hitler foi aumentando à medida que seu poder não foi limitado por ninguém. Primeiro, o rearmamento e alistamento obrigatório, depois a remilitarização da Renânia, o aumento da Kriegsmarine e a anexação da Áustria e dos Sudetos. Quando ele quis o Corredor Polonês, o Reino Unido na figura do primeiro-ministro Chamberlain disse não, mas já era tarde. Mimado com muitos sims, Hitler sentiu-se confiante e apostou todas suas fichas na guerra global que ele acabara de iniciar.”

― Mário Pereira Gomes

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Mário Pereira Gomes

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