Frase de Gabriel De Arruda
 | “ VII. As Cinco Provas do Deserto No quinquagésimo dia, quando o sol escaldante revelava ilusões como miragens, o Pragmoteu enfrentou cinco tentações que testaram sua fé prática: O Ídolo de Pedra (dogmatismo) Um fariseu e um incrédulo apareceram, cada um com tábuas de pedra gravadas com suas certezas. — Curve-se e adore nossas verdades! — exigiam. O Pragmoteu ergueu seu cajado de amendoeira florida: — Prefiro a vara que floresce na dúvida fiel (Nm 17,8) a estas pedras mortas. Como diz São Paulo: "O conhecimento ensoberbece, o amor constrói" (1Cor 8,1). O Atoleiro dos 'E Se' (dúvida) O chão transformou-se em areia movediça de “e se...” e “mas talvez...”. Ele tomou o cálice eucarístico: — Não sei tudo, mas posso agir. Como Maria: “Faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38). E a areia solidificou-se sob seus pés. A Feira das Virtudes (ritualismo) Um pregador com rolos sagrados em cada mão demonstrava quão longe os outros estavam da verdade. O Pragmoteu vestiu seu manto de serviço: — “Este povo honra-Me com os lábios, mas seu coração está longe” (Mc 7,6). E começou a lavar os pés de um peregrino faminto à margem da assembleia. Os Medidores de Misericórdia (ética) Dois doutores discutiam a Lei: — Ele é um herege — será meu próximo? Enquanto um ferido agonizava no caminho. O Pragmoteu ajoelhou-se no sangue: — O amor não pergunta “quem”, mas “como”. O Oásis das Mentiras Consoladoras (sofrimento) Um tolo insistia: — Beba este frasco e sua dor sumirá! O Pragmoteu calou-se, e com a pedra silenciosa começou a cavar um poço para os sedentos de respostas: — Cristo não justificou a cruz, mas a abraçou. “Não se faça a minha vontade, mas a Tua” (Lc 22,42).” |
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 | “ X. Ontologia Pragmoteísta – O Ser como Mistério em Relação 1. O ser não é objeto, mas mistério compartilhado O Pragmoteísmo rejeita a visão do real como simples dado objetivo. O ser é mistério, não no sentido do obscuro ou irracional, mas do que ultrapassa a posse e o controle. O ser não se esgota na análise, mas se revela por relação e presença. 2. Deus como fundamento do ser e não como ente entre entes Inspirado por Tomás de Aquino, o Pragmoteísmo afirma que Deus não é um ente entre outros, mas o ipsum esse subsistens, o Ser mesmo em sua plenitude. Isso preserva sua transcendência sem excluir a analogia: Deus é acessível na medida em que o mundo porta sinais e reflexos de sua fonte. 3. O ser humano como ser-em-abertura O humano, na ontologia pragmoteísta, é um ser-em-abertura: voltado ao outro, ao cosmos, ao mistério. Ele é um ser-de-fé — sua própria estrutura existencial aponta para além de si. Existe nele uma inquietação original, uma centelha de busca, uma disposição a ser tocado pelo sentido. 4. Ontologia como ética implícita Conceber o ser como dom recebido, e não como posse, exige uma resposta ética: cuidado, reverência, compaixão. O comportamento do Pragmoteu no mundo expressa sua ontologia: relação, escuta e resposta. Sua vida é um gesto contínuo de abertura ao mistério que o chama.” |

Gabriel De Arruda