Frase de Gabriel De Arruda “
II. A Dúvida Sagrada O Pragmoteu, ainda inquieto, perguntou: — Se o Mistério é real, por que se esconde? Por que não rasga os céus e desce, como fogo no Carmelo? Por que nos deixa às escuras? O Mestre ergueu os olhos como quem contempla além do visível: — O sol não se esconde, mas se brilhasse sem trégua, os olhos se queimariam. O céu, em sua generosidade, também sabe silenciar. Assim como o oleiro esconde o vaso na fornalha para que se fortaleça, o Mistério se oculta para que tua fé não seja frágil. A luz constante não ensina a distinguir sombras. O Mistério não desaparece — apenas se retira por um tempo, para que os seres avancem por si. Aprende-se a vê-lo no intervalo — entre um gesto e outro, entre o nascimento e a morte. A fé é a arte de enxergar no escuro. — Então São Tomé, que duvidou, amou mais do que os que creram sem ver? — Sim. Pois enquanto os outros se alegravam com a luz, ele buscou a fonte da luz. Sua dúvida era afiada como espada, mas voltada para dentro. Não duvidou por orgulho, mas por zelo. Não foi cético por vaidade, mas por fome. Como a terra seca que clama por chuva, sua alma sedenta exigia contato direto com a fonte. A fé que se recusa a ser cega é a que melhor enxerga. Tomé não quis provas; quis presença. E foi isso que o Cristo lhe deu: não um argumento, mas Suas chagas. Não uma explicação, mas um encontro. Pois há verdades que não se dizem — apenas se tocam. ”
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Gabriel De Arruda