Frase de Gabriel De Arruda “
A PARÁBOLA DO PRAGMOTEU (Ou: Como um Homem Aprendeu a Caminhar sobre as Águas da Dúvida) I. A Natureza do Mistério Assim foi revelado: Era o sétimo dia da busca. No retiro no deserto, o Pragmoteu contemplava a vastidão do cosmos em silêncio, como quem assiste a uma liturgia sem altar. Ali, o céu era catedral, e cada estrela, uma vela acesa pelo silêncio da criação. As estrelas pareciam orações caladas, lançadas ao véu escuro do firmamento. Foi então que o Mestre lhe perguntou: — Podes provar que Deus existe? O Pragmoteu ergueu os olhos. Em suas mãos havia — de um lado — os instrumentos da ciência; do outro — as epístolas sagradas. Seus olhos seguiam um ponto invisível no céu. Então respondeu: — Não posso. Nem desejo. Pois a necessidade de provar é já a morte do mistério, e o mistério é o útero onde nascem tanto a ciência quanto a fé. A ciência descreve o mundo, mas não diz por que ele é. A matemática revela a ordem, mas não sua origem. A dúvida é honesta, mas a fé é corajosa. O Mestre assentiu com leveza e disse: — Bem disseste. Como Abraão, que partiu sem saber para onde ia, ou como Santa Maria, que guardava todas as coisas no coração (Lc 2,19). O tolo exige respostas; o sábio aprende a habitar as perguntas. O Mistério não se desvenda — apenas se caminha com ele. A fé não é a chave que abre a porta, mas o passo dado antes de sabermos se há chão. ”
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