Frase de Carlos De Castro
 | “ A PASTORA DA PESQUEIRA Pastavam-se: ela, a pastora e o rebanho amado, De pouco sustento em terras bravias, Partilhando ela por imensos dias O seu tão pouco farnel das jornadas Que repartia pelas mais doentias Crias do rebanho de seu prado, Com as mãos pelo vento gretadas. Chamava-se ela, a pastora bela - Esperança, Moça criada, ainda virgem, nos seus quarenta De vida de angústias e maior tormenta, Que se pela idade precoce morresse, E até mesmo se só desfalecesse, Haveria quem lhe chamasse santa. E santa virgem foi aquela Esperança silvestre, Antes de lhe aparecer entre as giestas bravias, De entre os socalcos das pedras xistas do agreste Num momento único, sublime, arrebatador, Se é que ainda há quem acredite no amor, Puro, único, indefectível, da maior verdade. Ei-lo, o vulto esguio, de cabelos sem idade, Olhos marotos e barriga de pouco sustento Que sempre dela desejou a virgindade, Surgindo entre o gado da transumância. Era Júlio, o pastor e comparsa de infância, Que naquela tarde ventosa assobiando Nas fragas, como numa sinfonia ao amor, Lhe disse: Percamos, sem pena a virgindade Qualquer remorso ou troço de dor, Em nome de Jesus Cristo, Nosso Senhor Não esquecendo o da Santíssima Trindade... E a coisa, até correu bem, segundo - o rebanho assistente... (Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 17-01-2025)” ― Carlos De Castro |
Imagem da Frase:

Frases Populares de outros autores

Carlos De Castro