Frase de Carlos Vieira de Castro

Frase adicionada por carlosvieiracastro em 29/09/2018

Carlos Vieira de Castro
PÃO AMARGO…
Vivia só com seus caprinos – bodes, cabras, cabritos, ovelhas… - e tinha como confidente de peito o seu Ruço, fiel cão de guarda de tantos dias e noites de amargura e o seu inseparável cajado que, de tanto gostar do bom velho, já lhe tinha deixado gravada no peito a sua marca indelével para quando ele se passasse para a outra banda da vida.
Cedo, ficara sem companheira que carregava no útero o primeiro filho de ambos. Como já tinham passado tantos anos! …- lembrava-se ele de vez em quando.
Vivia num velho casebre, com o cheiro inconfundível do fumo da fogueira que acendia para aquecer o caldito da madrugada e da noite, pois como almoço, apenas um naco de pão e uma talisca de queijo dos seus animais, que confecionava à moda antiga.
O Ruço, esse dormitava sempre a seus pés, na roçada tarimba, mas sempre de ouvido à escuta farejando qualquer sintoma que lhe cheirasse a algum lobo atrevido e matreiro que tentasse entrar por alguma frincha das muitas que haviam no velhinho casarão dos bichos, de madeira já carcomida.
Era assim que o Ti Raimundo ganhava o seu pão amargo de cada dia, nada doce, como aquele a que deram o nome do Altíssimo, mas o outro a que chamam “o que o diabo amassou”.
Para expulsar a saudade e a solidão, costumava sentar-se um pouco nas escaditas do casarão, a fazer festas e a dialogar com algum dos seus amigos de quatro patas, antes de recolher à modesta casinha, que tresandava a fumo da madeira que a lareira digeria.
Depois, comido a custo - só com dois dentes que lhe restavam, um em baixo, outro ao cimo - o tal amargo pão que ganhara nesse dia, deita-se cedo, porque de madrugada se erguia, não sem primeiro dar as boas noites ao seu amado cão, que lhe respondia… acreditem.
É este, o pão que Deus dá aos humildes, aos simples e marginalizados da vida…


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PÃO AMARGO…
Vivia só com seus caprinos – bodes, cabras, cabritos, ovelhas… - e tinha como confidente de peito o seu Ruço, fiel cão de guarda de tantos dias e noites de amargura e o seu inseparável cajado que, de tanto gostar do bom velho, já lhe tinha deixado gravada no peito a sua marca indelével para quando ele se passasse para a outra banda da vida.
Cedo, ficara sem companheira que carregava no útero o primeiro filho de ambos. Como já tinham passado tantos anos! …- lembrava-se ele de vez em quando.
Vivia num velho casebre, com o cheiro inconfundível do fumo da fogueira que acendia para aquecer o caldito da madrugada e da noite, pois como almoço, apenas um naco de pão e uma talisca de queijo dos seus animais, que confecionava à moda antiga.
O Ruço, esse dormitava sempre a seus pés, na roçada tarimba, mas sempre de ouvido à escuta farejando qualquer sintoma que lhe cheirasse a algum lobo atrevido e matreiro que tentasse entrar por alguma frincha das muitas que haviam no velhinho casarão dos bichos, de madeira já carcomida.
Era assim que o Ti Raimundo ganhava o seu pão amargo de cada dia, nada doce, como aquele a que deram o nome do Altíssimo, mas o outro a que chamam “o que o diabo amassou”.
Para expulsar a saudade e a solidão, costumava sentar-se um pouco nas escaditas do casarão, a fazer festas e a dialogar com algum dos seus amigos de quatro patas, antes de recolher à modesta casinha, que tresandava a fumo da madeira que a lareira digeria.
Depois, comido a custo - só com dois dentes que lhe restavam, um em baixo, outro ao cimo - o tal amargo pão que ganhara nesse dia, deita-se cedo, porque de madrugada se erguia, não sem primeiro dar as boas noites ao seu amado cão, que lhe respondia… acreditem.
É este, o pão que Deus dá aos humildes, aos simples e marginalizados da vida… (Carlos Vieira de Castro)
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Carlos Vieira de Castro
Carlos Vieira de Castro

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Biografia: Publico no Kd Frases, com os heterónimos Carlos De Castro e Carlos Vieira de Castro. São a mesma pessoa. Sou eu.

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