Frase de Carlos Vieira de Castro

Frase adicionada por carlosvieiracastro em 27/09/2018


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““O BANCO DA ESTÁTUA “ 
Desde que ficara só neste mundo cego, pois a companheira era a luz e os olhos dos seus afetos, o velhinho, carente de formas humanas, costumava após a rala sopita do princípio da noite, vir até ao jardim público e sentar-se no “banco da estátua”, como lhe chamavam. 
Colocava a sua mão mirrada e fria por cima da mão ainda mais gélida e imóvel da estátua, como nos tempos felizes em que sentado com a sua amada num dos bancos do então florido jardim, lhe afagava com ardor e paixão a sua mão feminina, bem esculpida, de cor clara e quente. 
A noite, desceu rápida com seu manto de negrume. O velho e a estátua lá continuaram em seu silêncio ensurdecedor. 
De manhã, já os primeiros passaritos trinavam ao desafio, uma brisa fria trespassava os corpos de quem àquela hora por ali passava apressada, rumo aos seus empregos, enfrentando a vida. 
Ninguém ligou ao banco, a não ser uma pessoa mais afoita e reparadora. Aproximou-se e com horror verificou que o assento se iria chamar agora “banco das estátuas”. 
O velhinho tinha morrido e já estava frio e rígido como o corpo de estátua do seu companheiro. 
Mas sempre, na mesma posição e sem lhe largar a mão…” (Carlos Vieira de Castro)
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Carlos Vieira de Castro
Carlos Vieira de Castro

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Biografia: Publico no Kd Frases, com os heterónimos Carlos De Castro e Carlos Vieira de Castro. São a mesma pessoa. Sou eu.

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