Frase de Newton Jayme “
Dizem que é coisa do tempo, que o velho mundo ainda manda, que a casa é reino de sombra onde a mulher se desanda. Mas eu vi que não é destino, nem sentença de calendário: é patriarcado nos cantos, é medo dentro do armário. E quando o radicalismo bate à porta em nome de um deus, não traz bênção nem cuidado — traz corrente nos dedos seus. Assim se ergue a violência, assim o grito se cala; mas a dor que tenta esconder-se acende centelha na sala. É por isso que, amiga minha, se tua mão treme no meio, não se cala por vergonha, não se dobra por receio. Quebra o silêncio comigo, me mostra o que te machuca — que a gente atravessa a rua, vai no posto, pede ajuda. Levo caderno e coragem, registro a história inteira; na delegacia da vida ninguém vai te pôr na esteira. Fazemos o boletim firme, com teu nome respirando; pedimos medida preventiva pra manter o lobo afastado. E se o mundo vem dizer que é exagero o teu choro, eu te ensino a desenhar um futuro que pede socorro. Porque educar é desarmar essa herança de ferro e muro; é cultivar meninas livres, é redimir o próprio futuro. E quando a noite parecer tramar contra tua aurora, eu toco a canção do Chico, baixinha, na tua porta: — “Vai, menina, abre o peito, que a vida pede coragem”; o amor que não dói nem prende é o único que faz viagem. Então seguimos na luta, tu, eu e quem mais chegar: tecendo redes de afeto que o medo não pode cortar. E se a cidade te esquece, nós te lembramos inteira; és mulher, és voz que nasce como sol na ribanceira. Assim, amiga, te prometo: não caminhas desvalida. Onde houver violência e trevas, seremos farol e saída. Porque o amanhã — essa palavra que insiste em se levantar — é flor que brota no gesto de quem aprende a cuidar. ”
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