Frase de Newton Jayme

Frase adicionada por Newton-Jayme em 05/12/2025

Newton Jayme
A mesa posta em cada era se levanta,
como tribuna erguida sobre o tempo,
e nela o amor — esse réu inocente —
é novamente repartido
entre mãos que tremem,
entre povos que esperam,
entre lábios que beijam,
entre corpos que guardam sementes.

Outrora barro nos dedos dos primeiros,
fez-se trigo no cântico dos altares,
vinho que incendia o medo dos tiranos,
sal que queima a chaga dos impérios.
Assim marchou, transfigurado,
pelas veias ardentes das nações.

Ergueram-se muralhas, coroas, decretos;
teceram-se penas e véus de fumaça
sobre almas e janelas fatigadas;
e as leis, jurando guardar as promessas,
não guardaram nem ao menos
o nome dos que as pronunciaram.

Mas sempre há um gesto que escapa,
faísca clandestina na noite das eras,
uma migalha que desmente os arquivos,
um sopro que afronta a lógica dos poderosos
e fermenta a revolução, a luta e o impossível
como se fosse simples nascente.

O amor então se transmuta:
ora raio que atravessa ruínas,
ora sombra que vela o último pássaro,
ora palavra que abre ferrolhos
na garganta de um tirano
e devolve o fôlego à cidade.

E quando as civilizações ruem
como colunas fatigadas,
ele ressurge — tímido, teimoso —
na voz exilada que não esquece o caminho,
no pão escondido na bolsa do viajante,
no vinho furtivo no canto da criança,
milagre pequeno em gesto ameno
que o escriba do reino não registra.

Talvez assim sobreviva o amor:
transubstanciado em tudo o que sobra,
no pó que brilha,
no gesto anônimo que sustém auroras,
no lume que insiste em reavivar
o mapa incerto do amanhã —
íntegro, insurgente,
sempre a se reinventar e partilhar.


Imagem da Frase:



A mesa posta em cada era se levanta,
como tribuna erguida sobre o tempo,
e nela o amor — esse réu inocente —
é novamente repartido
entre mãos que tremem,
entre povos que esperam,
entre lábios que beijam,
entre corpos que guardam sementes.

Outrora barro nos dedos dos primeiros,
fez-se trigo no cântico dos altares,
vinho que incendia o medo dos tiranos,
sal que queima a chaga dos impérios.
Assim marchou, transfigurado,
pelas veias ardentes das nações.

Ergueram-se muralhas, coroas, decretos;
teceram-se penas e véus de fumaça
sobre almas e janelas fatigadas;
e as leis, jurando guardar as promessas,
não guardaram nem ao menos
o nome dos que as pronunciaram.

Mas sempre há um gesto que escapa,
faísca clandestina na noite das eras,
uma migalha que desmente os arquivos,
um sopro que afronta a lógica dos poderosos
e fermenta a revolução, a luta e o impossível
como se fosse simples nascente.

O amor então se transmuta:
ora raio que atravessa ruínas,
ora sombra que vela o último pássaro,
ora palavra que abre ferrolhos
na garganta de um tirano
e devolve o fôlego à cidade.

E quando as civilizações ruem
como colunas fatigadas,
ele ressurge — tímido, teimoso —
na voz exilada que não esquece o caminho,
no pão escondido na bolsa do viajante,
no vinho furtivo no canto da criança,
milagre pequeno em gesto ameno 
que o escriba do reino não registra.

Talvez assim sobreviva o amor:
transubstanciado em tudo o que sobra,
no pó que brilha,
no gesto anônimo que sustém auroras,
no lume que insiste em reavivar
o mapa incerto do amanhã —
íntegro, insurgente,
sempre a se reinventar e partilhar. (Newton Jayme)
Mais frases de Newton Jayme

Newton Jayme
Newton Jayme

Membro desde: 12/03/2013

Frase do Dia

Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade.

Autores populares