Frase de Newton Jayme

Frase adicionada por Newton-Jayme em 15/09/2025


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CANTO DE PIRENÓPOLIS

Antes da cruz erguer-se no cerrado,
os Goyá viviam sob o céu por tenda,
guardando rios, sonhos e silêncios,
num mundo onde a vida era oferenda.

Do ouro e sangue nasceu Meia Ponte,
dança de homens e fé sem repouso.
A Serra, altiva, guardou seus passos,
e o Rio das Almas calou segredos.

As águas cantam nas cachoeiras:
Santa Maria, Abade, Bonsucesso...
E quem nelas se banha reencontra a alma,
livre, serena, feita poesia.

Na mesa, o gosto vira oração:
empadão, pequi, doce em cobre.
E até o arroz tem sabor de herança
quando servido com calma e destreza.

A fé dos negros ergueu altares
mesmo acorrentada em lembranças.
Cada pedra é salmo, cada canto é vida,
resistência em rosário e esperança.

Em maio, o Divino cobre a cidade:
fitas, mastros, cavalhadas ardentes.
Cristãos e mouros marcham na praça,
e o povo transforma a dor em arte.

Ó Pirenópolis! Serra e cachoeira,
ruas de pedra, memória e festa.
Cidade-poema, chama altiva,
um Brasil profundo que nunca se entrega.

Quem pisa teu chão escuta a história:
são vozes, rostos, sombras e cantigas.
Relíquia viva, berço e refúgio,
és poesia que o tempo não apaga. (Newton Jayme)
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