Frase de Newton Jayme
| “ Tempo, mestre estranho e severo, ensinas, mas desfiguras o meu ser. Trazes o canto, mas a voz se perde em vão; dás-me o desejo, mas temo, pois o epílogo é o fim do coração. Fazes-me vigoroso pela manhã e ao meio-dia, mas à tarde, à noite, me arrastas, sem alegria. Recebes-me na infância, viva e bela, mas devolves-me, na velhice, uma janela de memórias trincadas, quebrada de dor. E, no desfecho da festa, meu corpo é só temor. Caminho por um beco onde a luz se esvai, o ar me falta, o tempo cresce, e o que atrai? Em cada passo, mais forte é o meu lamento, pois o tempo, cruel, não cede um momento. Tempo, não quero ser teu fiel discípulo, não sou teu prisioneiro, nem teu cúmplice. Corres para o meu ocaso, não há redenção, não és amigo, és só quimera e solidão. Temperas a saudade com dor sem calma, fazendo-me perder até a própria alma. És caminho sem retorno, cruel ostentação, um suborno sem término, sem sonhos e libertação. Não tenho a mágica porção, não sei como vencer, sou só aprendiz, a sofrer e a guardar lições. Busco a mim mesmo, mas, em meu olhar, há só incertezas sobre o que é o meu desatar, meu destino, meu futuro lugar! Não quero o sono que me arrasta e fere, quero o despertar, a vida que me incendeia, quero a chama que na alma me devora sem me consumir, quero a arte de amar, com amor que nunca tarde. Não desejo a apoteose que me traz o abismo; busco o contínuo despertar, o eterno criar, o otimismo. Quero viver, enquanto o tempo me for dado, porque, a cada instante, sou por ele devorado e vencido, mas jamais me dou totalmente por derrotado. Sou determinação – incansável prodígio!” |
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