Coleção de Frases e Pensamentos de Mário Pereira Gomes


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Mário Pereira Gomes
Quando lemos um livro didático de História ou se paga uma disciplina sobre história antiga na universidade vemos que o Império Romano era tolerante com todas as crenças contanto que os fiéis adorassem a figura do imperador, não alimentassem exclusivismo religioso (meu deus é o único certo) e que não praticassem o sacrifício humano. Também é dito que os cristãos sofreram uma intensa perseguição por seguirem práticas incompatíveis com a sociedade romana como serem contrários a escravidão e não adorarem o imperador como um deus.

Pensando nisto surgiu em mim um problema: os judeus assim como os cristãos eram monoteístas e não podiam adorar o imperador. No entanto, ao contrário dos cristãos, os judeus não foram perseguidos pelo Estado tanto é que receberam de Otávio Augusto o status de religio licita (religião permitida): o que aconteceu é que o povo hebreu desejava ser independente novamente e (re)criar uma nação livre e seguidora apenas da lei mosaica. Ocorreram guerras entre as tropas romanas e o povo hebreu pelo fato deste desejar a independência e isto culminou na derrota dos rebelados e na diáspora judaica que tinha como objetivo evitar mais revoltas que poderiam inspirar os povos subjugados a se rebelarem.

Deste modo, o embate entre o Império Romano e os judeus se deu por questões políticas (luta pela independência) e a defesa da religião contra o desrespeito perpetrado pelas autoridades imperiais contra a fé e não por representarem um perigo contra o Estado. Então, por quais motivos a relação entre cristãos e romanos foi de certo modo tão distinta da relação entre estes últimos e os judeus?