Frase de Gabriel De Arruda

Frase adicionada por GabrieldeArruda em 16/06/2025


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IV. A Prova do Abismo
Então o Mestre o conduziu à beira do Grande Abismo. O vazio diante deles não era mero vazio — estava prenhe do silêncio primordial de Deus antes do "Faça-se a luz". O vento que soprava ali não era vento comum, mas o sopro de todas as perguntas jamais respondidas.
 — Salta — ordenou o Mestre.
— Como saltar sem ver o fundo? — protestou o Pragmoteu.
— Exatamente — replicou o Mestre. — O salto que exige garantias não é salto — é cálculo. A fé que pede certezas não é fé — é barganha.
O Pragmoteu deu um passo e contemplou o Abismo — não por ter deixado de temer, mas porque escolheu temer para além do medo, abraçando a coragem que nasce da aceitação da incerteza.
E eis que percebeu:
Não havia chão.
Mas tampouco havia queda.
Não havia abismo a transpor, nem margem a alcançar. Estava caminhando sobre as águas da própria entrega, como São Pedro no Mar da Galileia — e, no instante do salto, compreendeu que o abismo era seu próprio coração: vazio de obstáculos e, por isso, livre do medo. (Gabriel De Arruda)
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Gabriel De Arruda
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É bastante fácil fazer surgir sentimentos na alma das multidões, mas é dificílimo refreá-los. Desenvolvendo-se, convertem-se em forças que não é possível dominar.

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