Frases de Porém (adicionadas pelos usuários)


Mário Pereira Gomes
No texto Sobre a linguagem em geral e Sobre a linguagem do homem de Walter Benjamin, nos é dito que no Paraíso o casal primevo se comunicava através da linguagem dos nomes. Esta se dava através da nomeação das coisas até que ocorreu o Pecado Original; que na perspectiva de Benjamin foi o evento em que se perdeu a correspondência entre a coisa em si e o nome tornando-o possuidor de muitos sentidos.

Porém, tal pensamento é equivocado visto que o erro não está na pluralidade de sentidos que os nomes ganham e sim no ato de nomear. Quando nomeio algo ganho poder sobre este e o coisifico. Obtenho poder, pois ao evocar um nome e logo depois pronunciar um adjetivo estarei qualificando tal ser/coisa como bom; mau; perigoso; sagrado, etc.

E dependendo do adjetivo que eu diga após falar seu nome você se sentirá feliz; encolerizado; triste ou enaltecido. Através da manipulação das palavras eu posso manipular seus sentimentos; ações; pensamentos e emoções. Coisifico-o visto que ao nomear algo (perceba que não usei a palavra alguém que se refere a ser e sim uma que faz referência a coisas) eu estou na verdade dizendo que o que foi nomeado não é capaz de nomear a si mesmo e, portanto, não possui experiência consciente. Assim, não é um ser mas uma coisa (um instrumento) e como tal pode ser usada como lhe aprouver.

Uma curiosidade sobre este tema é que em toda a Bíblia há somente um personagem que nomeia a si próprio: Deus. E isto serve para transmitir a mensagem de que Deus, na visão dos que redigiram o Antigo e o Novo Testamento, é o único totalmente autoconsciente e, portanto, santo já que esta palavra no hebraico (kaddosh) significa separação total como modo de enfatizar o imenso fosso que de repente se interpusera entre o homem e o mundo divino.

João Araújo Dos Anjos
A fábula do herói e do carrasco.
Tal história se passa em uma cidade do interior, que tem por codinome Bela Vista. Estrelada por dois personagens, que são na verdade um mesmo sujeito.
No meu auge já fui renomado prefeito, com status de celebridade, ou pajé de uma comunidade, antes órfã de liderança. Preparei meu sucessor, fiz dele reconhecido por toda minha tribo. Ajudei muitos cidadãos, achando que me tinham grande estima e consideração.
Na ciranda política me encontro do outro lado, pensei que seria ao menos respeitado, se não fosse por consideração, seria por gratidão. Por inúmeras vezes aconselhar um grupo, que hoje me tem como carrasco.
Já fui de inovador a traidor; será que os que me afrontam lembram de uma série de fatores? Dos tantos que protegi, de vários que ajudei, de inúmeros que alimentei de esperança e oportunidades.
No fim da minha trajetória politica, observo que gratidão é elemento secundário, pois me xingam por uma escolha partidária, no entanto estive com muitos por escolhas pessoais; que critiquem o meu posicionamento político, porém conservem meus feitos pessoais.
Não queria gratidão como político, que todos me acompanhassem, pois cada um tem sua convicção política.
Queria apenas o respeito a imagem de um que já lhes foi muito útil, pois acho ilógico sair de idolatrado para odiado em frações de segundos. Vocês são meus adversários políticos, porém não são meus inimigos, pois compartilhamos lembranças, mesmo que assim não queiram. As rivalidades politicas não são capazes de apagar a consciência de um povo, pois antes de ser político, sou o cidadão que vocês conhecem de longa data.