Frase de Mário Pereira Gomes

Frase adicionada por Marius em 20/08/2018

Mário Pereira Gomes
No texto Sobre a linguagem em geral e Sobre a linguagem do homem de Walter Benjamin, nos é dito que no Paraíso o casal primevo se comunicava através da linguagem dos nomes. Esta se dava através da nomeação das coisas até que ocorreu o Pecado Original; que na perspectiva de Benjamin foi o evento em que se perdeu a correspondência entre a coisa em si e o nome tornando-o possuidor de muitos sentidos.

Porém, tal pensamento é equivocado visto que o erro não está na pluralidade de sentidos que os nomes ganham e sim no ato de nomear. Quando nomeio algo ganho poder sobre este e o coisifico. Obtenho poder, pois ao evocar um nome e logo depois pronunciar um adjetivo estarei qualificando tal ser/coisa como bom; mau; perigoso; sagrado, etc.

E dependendo do adjetivo que eu diga após falar seu nome você se sentirá feliz; encolerizado; triste ou enaltecido. Através da manipulação das palavras eu posso manipular seus sentimentos; ações; pensamentos e emoções. Coisifico-o visto que ao nomear algo (perceba que não usei a palavra alguém que se refere a ser e sim uma que faz referência a coisas) eu estou na verdade dizendo que o que foi nomeado não é capaz de nomear a si mesmo e, portanto, não possui experiência consciente. Assim, não é um ser mas uma coisa (um instrumento) e como tal pode ser usada como lhe aprouver.

Uma curiosidade sobre este tema é que em toda a Bíblia há somente um personagem que nomeia a si próprio: Deus. E isto serve para transmitir a mensagem de que Deus, na visão dos que redigiram o Antigo e o Novo Testamento, é o único totalmente autoconsciente e, portanto, santo já que esta palavra no hebraico (kaddosh) significa separação total como modo de enfatizar o imenso fosso que de repente se interpusera entre o homem e o mundo divino.


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No texto Sobre a linguagem em geral e Sobre a linguagem do homem de Walter Benjamin, nos é dito que no Paraíso o casal primevo se comunicava através da linguagem dos nomes. Esta se dava através da nomeação das coisas até que ocorreu o Pecado Original; que na perspectiva de Benjamin foi o evento em que se perdeu a correspondência entre a coisa em si e o nome tornando-o possuidor de muitos sentidos.

Porém, tal pensamento é equivocado visto que o erro não está na pluralidade de sentidos que os nomes ganham e sim no ato de nomear. Quando nomeio algo ganho poder sobre este e o coisifico. Obtenho poder, pois ao evocar um nome e logo depois pronunciar um adjetivo estarei qualificando tal ser/coisa como bom; mau; perigoso; sagrado, etc.

E dependendo do adjetivo que eu diga após falar seu nome você se sentirá feliz; encolerizado; triste ou enaltecido. Através da manipulação das palavras eu posso manipular seus sentimentos; ações; pensamentos e emoções. Coisifico-o visto que ao nomear algo (perceba que não usei a palavra alguém que se refere a ser e sim uma que faz referência a coisas) eu estou na verdade dizendo que o que foi nomeado não é capaz de nomear a si mesmo e, portanto, não possui experiência consciente. Assim, não é um ser mas uma coisa (um instrumento) e como tal pode ser usada como lhe aprouver.

Uma curiosidade sobre este tema é que em toda a Bíblia há somente um personagem que nomeia a si próprio: Deus. E isto serve para transmitir a mensagem de que Deus, na visão dos que redigiram o Antigo e o Novo Testamento, é o único totalmente autoconsciente e, portanto, santo já que esta palavra no hebraico (kaddosh) significa separação total como modo de enfatizar o imenso fosso que de repente se interpusera entre o homem e o mundo divino. (Mário Pereira Gomes)
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