Frases de Memória (adicionadas pelos usuários)


Maria Luz
O tempo traz-nos memórias, momentos, mas também traz lágrimas, choro, saudades porque leva-nos quem amamos, e não nos dá o tempo que nós queríamos ter para estar com quem partiu!
O tempo, engana-nos na medida dele, muitas vezes já foi há tantos anos e ainda nos parece que foi ontem...
Parece-me que foi ontem que te perdi, e então a dor volta e mais execrável se tornam os momentos em que te recordo... Sabes, ainda dói como se tivesse sido ontem, o dia em que te esperava e tu não chegaste, porque te roubaram a vida e te levou de nós numa viagem infinita... E a cada dia que passa é mais um que me vem aumentar o sentimento de dor e de saudade e de não poder ver-te nem abraçar-te e beijar-te... Caramba, nunca pensei que iria demorar anos a aliviar a dor, creio mesmo que nunca vai ser aliviada, só vai amenizar esta dor/saudade execrável quando nos reencontrarmos outra vez, porque tu sabes que eu acredito que existe outra vida e outros reencontros... E é essa esperança e essa crença que me vai ajudando a sobreviver sem ti até estarmos juntos outra vez... Nunca na minha vida eu me imaginava a viver sem ti, sem conheceres os teus netos e poderes mostrar-lhes o avô espetacular que eras...
Nunca me imaginei a viver alguns momentos menos bons, algumas angústias sem ti ao meu lado, sem o teu ombro e os teus abraços ...
Já tive momentos que se estivesses aqui eras a minha ancora, mas creio que mesmo não estando, foste tu que me deste força nesses momentos para eu conseguir levantar a cabeça e seguir em frente... No fundo o tempo, pouca diferença faz, sendo a tua partida há precisamente 11315 dias ou ontem, a dor e a saudade seria infinita, execrável como hoje continua a ser!

Maria Luz
A chuva cai, suave de mansinho e eu lembro-me de quando era criança. Adorava a chuva, pois podia molhar os meus cabelos compridos, encaracolado que depois abanava, sacudindo a cabeça de um lado para o outro… Gostava de fazer isso, pois achava imensa piada ver o Farrusco, que era o cão da casa do adro fazer e por isso imitava-o…
Que bom ser criança…
Lembro-me da minha avó me chamar a atenção “Maria Luz vais ficar doente”... Se o fizesse agora ficaria doente, mas nessa altura creio que não e depois era jovem, cheia de saúde e nada disso me importava. O que me importava era ser feliz, era viver e sentir a vida… O que não nos mata torna-nos mais forte não é verdade?
E sinceramente, como criança que era eu queria lá saber disso, parava no momento e respeitava a sua chamada de atenção, mas quando via que ela estava absorvida nas lides dela voltava ao mesmo, com a euforia e energia que em mim tinha…
A chuva fez-me sentir feliz na minha infância... Ela fazia pequenos lagos onde eu molhava os pés, e saltava para dentro e para fora, sabendo-me bem ficar toda chapinhada de água e lama… Nesses “lagos” que não eram mais que poças de água eu punha o patinho mais pequenino que a minha avó tinha e gostava de o ver abanar suas asinhas e mergulhar o seu bico … A mãe pata não gostava nada, mas creio que nunca se virou contra mim pois sabia que eu era uma criança traquina mas dócil com os animais … Com a chuva eu também tinha “grandes” rios de água que desciam a ladeira em catadupa, onde lançava os meus barquinhos de papel e via-os afundar-se depois de todos encharcados, naufragavam depressa demais…
A chuva cai, reavivo memórias, doces momentos, e sentindo a chuva a “picar” o meu rosto sinto a criança que em mim vive… Sinto a criança que fui, que sou e que viverá eternamente em mim!