Frases de Memória (adicionadas pelos usuários)


Maria Luz
A chuva cai, suave de mansinho e eu lembro-me de quando era criança. Adorava a chuva, pois podia molhar os meus cabelos compridos, encaracolado que depois abanava, sacudindo a cabeça de um lado para o outro… Gostava de fazer isso, pois achava imensa piada ver o Farrusco, que era o cão da casa do adro fazer e por isso imitava-o…
Que bom ser criança…
Lembro-me da minha avó me chamar a atenção “Maria Luz vais ficar doente”... Se o fizesse agora ficaria doente, mas nessa altura creio que não e depois era jovem, cheia de saúde e nada disso me importava. O que me importava era ser feliz, era viver e sentir a vida… O que não nos mata torna-nos mais forte não é verdade?
E sinceramente, como criança que era eu queria lá saber disso, parava no momento e respeitava a sua chamada de atenção, mas quando via que ela estava absorvida nas lides dela voltava ao mesmo, com a euforia e energia que em mim tinha…
A chuva fez-me sentir feliz na minha infância... Ela fazia pequenos lagos onde eu molhava os pés, e saltava para dentro e para fora, sabendo-me bem ficar toda chapinhada de água e lama… Nesses “lagos” que não eram mais que poças de água eu punha o patinho mais pequenino que a minha avó tinha e gostava de o ver abanar suas asinhas e mergulhar o seu bico … A mãe pata não gostava nada, mas creio que nunca se virou contra mim pois sabia que eu era uma criança traquina mas dócil com os animais … Com a chuva eu também tinha “grandes” rios de água que desciam a ladeira em catadupa, onde lançava os meus barquinhos de papel e via-os afundar-se depois de todos encharcados, naufragavam depressa demais…
A chuva cai, reavivo memórias, doces momentos, e sentindo a chuva a “picar” o meu rosto sinto a criança que em mim vive… Sinto a criança que fui, que sou e que viverá eternamente em mim!

Maria Luz
Hoje, abri certas gavetas... Foi um dia de reviver memórias, lembranças... De rever objectos, brinquedos, roupas, livros de historias e pintar do meu filho.
Cheirei os babygrows, a chupeta que ele tanto adorava, peguei em seus bonecos de peluche, vi suas pinturas e riscos nos livros... Lembrei das curtas birras, e dos seus sorrisos repletos de felicidade... Revivi momentos de dias especiais que para mim foram todos... Revivi um tempo que não volta mais... Tempo que passou a correr, porque a vida assim o exigiu... Por bem, que eu algumas vezes esticasse as horas, elas eram sempre poucas... Ai o tempo, esse ladrão dos minutos, das horas... Quantas vezes eu já pensei que por falta de tempo perdi tantos momentos da infância do meu filho... Passou tão rápido o tempo!
Com a freima da vida, por vezes nem me apercebia, como o tempo corria... Deus, colocou na minha frente, aquele que era e é o mais importante na minha vida, e eu deixei que o tempo me roubasse o tempo que tinha...
Agora, entro na luta contra ele, e diariamente agarro todos os momentos com sofreguidão, tudo o que me faz bater o meu coração e a minha alma feliz... E isso, são os momentos, os lugares, os minutos ao telemóvel, cada palavra dita, cada vez que me chama de mãe, cada abraço, cada olhar, cada sorriso, cada beijinho, assim como as horas que passamos juntos eu e o meu filho...
Só quero saborear cada minudência do que a vida ainda me oferece junto dele... Sentir seu cheirinho, receber seu abraço e seu beijinho... Ás vezes dou por mim, "vestida" de uma tristeza e com o coração apertado de saudade, do passado, do tempo em que ele era só meu, o tempo todo... Agora só peço a Deus que me dê mais algum tempo, para o olhar com o Amor infinito de quem o ama e amará infinitamente!