Frases de Olhar (adicionadas pelos usuários)


Aimara Schindler
O Homem verdadeiro, por inteiro, é aquele que expõe as suas maiores fragilidades, sem receio de aparenter ser fraco, medroso, carente; homem por inteiro, assume as suas carências, não esconde a dor que deveras sente...

Ele sabe chorar quando perde um sonho, quando perde um amigo, quando o seu coração está fragilizado, dolorido, por um amor que partiu...

Ele permite deixar livre o menininho que habita dentro dele, aquele que só quer colo, aconchego e muitos afagos, amor; e como um bom filho, ele ama o colo da mãe!

Super-Homem, Super-Macho, são apenas personagens de filmes, revistinhas; ele jamais quis ser igual a um deles!

Um homem por inteiro é capaz de viajar milhares de quilômetros de distância só para atender aos apelos de um amigo distante...que geme no leito do hospital a agonizar!

O seu olhar é de compaixão por todos aqueles que cruzam o seu caminho...ele não sabe dizer não, se está dentro das suas possibilidades dizer sim e servir! 1 Jo 4:17

Um homem por inteiro sabe ser fiel "aquela mulher" que conquistou o seu coração, e ao seu lado, nos seus braços, ele é completamente feliz, pleno!

Ele sabe a preciosa verdade que o seu corpo é o templo do Espírito Santo e jamais O entristece; ele abomina a prostituição, a pornografia, as infidelidades, os enganos!

Ele ama a Trindade Perfeita em espírito e em verdade; e não brinca com os perigos que podem levá-lo a perdição, a morte eterna!

Um homem por inteiro é sensível, e chora, e chora... com aqueles que sofrem; mas também sorri com aqueles que se alegram!

Um homem por inteiro, verdadeiro, jamais tem vergonha, de ser ele mesmo, um filho de Deus, que em glória em glória vai se transformando na imagem de Cristo!

Ele sabe que está a caminho...e que é mais do que vencedor, por Aquele que o amou, selou!

Flavio Rabello
Tempo ao Tempo.
Vista cansada.
Otto Lara Resende.

Revendo meus guardados deparei-me com a crônica escrita em 23/02/1992, por Otto Lara Resende, abaixo transcrita, suprimindo a introdução do texto por questão de espaço.

"Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.”

Otto Lara Resende.