Frase de Evan Do Carmo

Frase adicionada por evan em 30/12/2018

Evan Do Carmo
UMA BRISA

Parece-me, que no fim de tudo,
o que de fato buscamos é aumentar o prazer
sempre mais prazer.

Queremos o prato feito, perfeito
com mais gordura, mais azeite e vinho.

Queremos o ponto final na obra-prima
o fim do capítulo, resolver o conflito
do nosso mal fadado enrendo.

Queremos o epílogo, um posfácio honroso
como uma lápide escrita em ouro.

Contudo, ao contemplar tudo isso
o que temos é apenas um prefácio
da obra que almejamos escrever.

Queremos o fim da temporada
a plateia animada, em êxtase
com o fim da comédia
ou da tragédia que engendramos.

Ensaiamos tantos atos,
e nunca conseguimos chegar ao fim do espetáculo
à última cena, ao aplauso derradeiro.

Somos só estreia, iniciantes,
aprendizes desse viver comum
sem honra ou gloria imortal.

As cortinas se abrem
e nós nos apresentamos
como digníssimos palhaços
doutores, advogados,
escritores, poetas, artistas,
pintores, cantores, alfaiates,
políticos, prostitutas,
pai ou mãe de família abnegados,
alcoólatras inveterados.

Mas em um belo dia, num fatídico dia
as cortinas se fecham, antes que a temporada se acabe
então nos encontramos com o nosso verdadeiro eu,
é quando tudo termina, e a existência se finda
e a nossa personagem se despe do natural disfarce
assim, o homem não conclui seu último ato
não põe o ponto final na obra-prima,
não resolve o conflito, não escreve o posfácio.

Em vez de eternidade, fatalidade,
estrela cadente,
uma brisa,
sutil e distraída.

Evan do Carmo 30/12/2018


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UMA BRISA

Parece-me, que no fim de tudo,
o que de fato buscamos é aumentar o prazer
sempre mais prazer.

Queremos o prato feito, perfeito
com mais gordura, mais azeite e vinho.

Queremos o ponto final na obra-prima
o fim do capítulo, resolver o conflito
do nosso mal fadado enrendo.

Queremos o epílogo, um posfácio honroso
como uma lápide escrita em ouro.

Contudo, ao contemplar tudo isso
o que temos é apenas um prefácio
da obra que almejamos escrever.

Queremos o fim da temporada
a plateia animada, em êxtase
com o fim da comédia 
ou da tragédia que engendramos.

Ensaiamos tantos atos,
e nunca conseguimos chegar ao fim do espetáculo
à última cena, ao aplauso derradeiro.

Somos só estreia, iniciantes,
aprendizes desse viver comum
sem honra ou gloria imortal.

As cortinas se abrem
e nós nos apresentamos
como digníssimos palhaços
doutores, advogados,
escritores, poetas, artistas,
pintores, cantores, alfaiates,
políticos, prostitutas, 
pai ou mãe de família abnegados, 
alcoólatras inveterados.

Mas em um belo dia, num fatídico dia
as cortinas se fecham, antes que a temporada se acabe
então nos encontramos com o nosso verdadeiro eu, 
é quando tudo termina, e a existência se finda
e a nossa personagem se despe do natural disfarce
assim, o homem não conclui seu último ato
não põe o ponto final na obra-prima, 
não resolve o conflito, não escreve o posfácio.

Em vez de eternidade, fatalidade, 
estrela cadente, 
uma brisa, 
sutil e distraída.

Evan do Carmo 30/12/2018 (Evan Do Carmo)
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Evan Do Carmo
Evan Do Carmo

Nascimento: 29 de Abril de 1964 (59 anos)

Membro desde: 04/07/2013

Biografia: Poeta, escritor...músico, editor, jornalista. Autor de 30 livros. Livro mais importante, Catarse, poesia. O moralista, Labirinto Emocional, Elogio à loucura de Nietzsche e outros. evandocarmo.com

Frase do Dia

Muitas coisas não merecem ser ditas e muitas pessoas não merecem que as outras coisas lhe sejam ditas: o resultado é muito silêncio.

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