Frase de Alessandro Teodoro

Frase adicionada por ateodoro72 em 02/11/2025

Alessandro Teodoro
Com tanto humano latindo, muito em breve, dialogar será privilégio dos cães.

Há uma medonha cacofonia tomando conta do mundo.

Fala-se muito — mas ouve-se quase nada.

As palavras, outrora pontes entre consciências, hoje se erguem como muros de pura vaidade.

Infelizmente, o verbo já está perdendo o dom de unir.

Transformando-se em arma, em ruído, em reflexo de uma humanidade que insiste em confundir - por descuido ou capricho - tom e volume com a razão.

Cada um late a própria certeza, a própria verdade,
defendendo-a como quem protege um osso invisível.

Nos palcos digitais, nas praças e nas conversas de esquina,
o diálogo virou duelo,
a escuta, fraqueza,
e o silêncio — que quase sempre foi sabedoria —
agora é interpretado como rendição.

Latimos para provar que existimos,
mas quanto mais alto gritamos,
menos presença há em nossas vozes.

Perdemos o dom de conversar
porque deixamos de querer compreender.

Estamos quase sempre empenhados em ouvir só para responder.


Talvez, por ironia divina,
os cães — que nunca precisaram de palavras —
sejam hoje os últimos guardiões do diálogo.

Eles não falam, mas entendem.
Não argumentam, mas acolhem.
Escutam o tom, o gesto, o invisível...

Enquanto o homem se afoga em certezas,
o cão permanece fiel à simplicidade da escuta.

E quando o mundo estiver exausto de tanto barulho,
talvez apenas eles saibam o que significa realmente conversar:
olhar nos olhos, respirar junto,
e compreender o que o outro sente —
antes mesmo de dizer.

Porque, no fim das contas,
o diálogo nunca foi sobre ter razão,
mas sobre ter alma suficiente para ouvir.

E talvez, enquanto o humano retroalimenta o medo do cão chupar manga,
o maior — e único — medo do cão
seja o humano latindo.

Alessandro Teodoro

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Com tanto humano latindo, muito em breve, dialogar será privilégio dos cães.

Há uma medonha cacofonia tomando conta do mundo.

Fala-se muito — mas ouve-se quase nada.

As palavras, outrora pontes entre consciências, hoje se erguem como muros de pura vaidade.

Infelizmente, o verbo já está perdendo o dom de unir.

Transformando-se em arma, em ruído, em reflexo de uma humanidade que insiste em confundir - por descuido ou capricho - tom e volume com a razão.

Cada um late a própria certeza, a própria verdade,
defendendo-a como quem protege um osso invisível.

Nos palcos digitais, nas praças e nas conversas de esquina,
o diálogo virou duelo,
a escuta, fraqueza,
e o silêncio — que quase sempre foi sabedoria —
agora é interpretado como rendição.

Latimos para provar que existimos,
mas quanto mais alto gritamos,
menos presença há em nossas vozes.

Perdemos o dom de conversar
porque deixamos de querer compreender.

Estamos quase sempre empenhados em ouvir só para responder.


Talvez, por ironia divina,
os cães — que nunca precisaram de palavras —
sejam hoje os últimos guardiões do diálogo.

Eles não falam, mas entendem.
Não argumentam, mas acolhem.
Escutam o tom, o gesto, o invisível...

Enquanto o homem se afoga em certezas,
o cão permanece fiel à simplicidade da escuta.

E quando o mundo estiver exausto de tanto barulho,
talvez apenas eles saibam o que significa realmente conversar:
olhar nos olhos, respirar junto,
e compreender o que o outro sente —
antes mesmo de dizer.

Porque, no fim das contas,
o diálogo nunca foi sobre ter razão,
mas sobre ter alma suficiente para ouvir.

E talvez, enquanto o humano retroalimenta o medo do cão chupar manga,
o maior — e único — medo do cão
seja o humano latindo. (Alessandro Teodoro)
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