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valdecir oliveira
Coleção de Frases e Pensamentos de
valdecir oliveira
Frases próprias
Frases de outros autores
33 frases
“
O indivíduo é feito para amar. Amar as pessoas, amar os detalhes, amar a vida.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Sobrenomes
Porque quando citamos um homem
ele é Machado, Veríssimo, Drummond.
Mas quando citamos uma mulher
ela é Carolina, Ana Cristina, Conceição.
Quem são Rocha, Telles, Meirelles?
Lispector, a gente reconhece
mas é inegável o coração só se aquece
quando dizemos
Clarice.
Se for carinho, intimidade, não há drama.
Mas, diga-me agora:
com a mesma reverência que chamamos um senhor
sabemos evocar uma senhora?
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
ANA ME CONVIDOU PRA FICAR
Três recortes de revista
guardei no bolso.
Uma meta
escrevi no diário.
“Autocontrole”
anotei no espelho.
2 dias e 6 horas
um pouco tonta
um tanto leve.
Tiro do bolso os recortes
modelos de passarela
costelas expostas
beleza interposta
entre dedicação e ossos.
Anestésico da fome.
Não,
a meta não fugirá pelas gretas
do meu diário engastado.
Meu corpo orbita
meu eu em potencial.
Selei meus lábios.
Pela garganta ressecada
nada passa
a não ser que saia
do meu estômago.
Não quero ouvir conjecturas sobre
agruras, moléstias e transtornos.
Não cederei, não me emociono.
Tenho um pedido a cumprir (e vou):
A boa Ana me convidou para ficar.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
MARCHA PRA CASA
Entrelaçar os dedos em dedos alheios ao
meu corpo que caminha ao lado de costas alheias às
minhas costas protegidas das sombras que
espreitam dos becos dos dois lados da rua.
Quatro olhos sintonizados espreitando surdos
sussurros na noite sem lua, cheia de
insetos arrotando indecências entre os braços nus
dos ipês sem flores.
O caminho deserto infinitos
nossos medos do desconhecido infinito
o percurso até a casa.
Infinitude menor, porém
é a solidão desta caminhada
pois não são dois pés que se apressam na calçada estreita
mas quatro.
- Ter uma amiga para voltar para casa.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
AS PALAVRAS SE PERDERAM NO CAMINHO
As palavras -
não aquelas que ainda moram no silêncio
certas de si, plenas de significado.
Se perderam -
enroscaram-se na intenção
e tiveram que mandar ao interlocutor
substitutas desajeitadas.
No caminho -
entre o pensamento e a ponta do lápis
a ponta dos dedos
a ponta das unhas
a língua inteira
agonizando sob algum trauma transverso e irreparável.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
NOSSAS ESTRIAS
As estradas que percorri
desenhadas em meu corpo.
nos quadris,
sutis,
hostis à pele crua.
Traços afiados
bordados em meus peitos.
filigranas que enfeitam
tatuam
memórias.
Nas coxas, nas costas
caminhos secretos.
riscos concretos
pele
que se adorna.
Minhas curvas tomadas
por linhas profundas
um mapa estriado.
um corpo selado
pelo tempo.
Meu corpo se risca
minha pele se arrisca
pintando e destacando
rios
e afluentes.
Não é tinta, não é sangue
são minhas próprias cicatrizes.
carrego em mim minhas estradas
cada risco bem traçado
compõe meu ser sagrado.
É experiência em forma de rio
é arte em forma de estrada
dedicado acabamento.
estriados
segmentos.
É corpo, é dor, é luta.
é resistência tatuada no ser.
É, enfim, perfeita construção de mim:
o incansável ser
mulher.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Peito de Bukowski
No peito morto de Bukowski jaz um pássaro seco e cinza.
Do azul não restou rastro
traço de ave pequena demais para o peso que suportou
toneladas de lamúria em nome da poesia.
A boemia da subversão.
No texto vivo de Bukowski faz coro azul um pássaro vistoso e gordo.
Afaga o berço frio do leitor que se decide ora tão livre
ora tão preso
sempre superior aos reles que não se regozijam do sofrimento
tola pompa intelectual.
No pomo estéril de Bukowski há pó do que antes era carne.
Sob as grades da covardia
o pássaro sucumbiu antes do algoz.
Passado o último suspiro, abrisse o peito do poeta
não acharia pássaro
não acharia rastro
como qualquer burguês embriagado, encontraria órgão oco
tonta vastidão de desperdício
abarrotado de víscera, entranha
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Processo de floração
Encontro rouco entre grafite e papel
silenciosa sintonia de velhos amantes.
Primeira palavra é brotamento do toque:
ponta do lápis afaga bruta folha.
Enlace que acende ciranda.
Palavra sozinha não gira em roda
em espiral.
Tímidos brotos despontam
tímidos brotos se desenrolam no branco infinito
palavras siamesas arrastam as suas irmãs
antes escondidas no imaginário da folha sulfite.
Tropeçam em letras desgarradas
Em vírgulas eriçadas e
de mãos dadas
vão aprendendo a dança.
Organizando o baile.
Coreografia original.
Cadenciada quadrilha dos versos soltos
inquietos
ansiosos pelo rebento de uma estrofe
pelo floreio de uma rima
pelo pólen de uma despudorada poesia.
A composição fica pronta
e as palavras
distraídas no compasso
continuam bailando.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Bárbara
Seu sorriso começa no canto torto da boca
e se estende em um comprimento incomum
escala as orelhas
aproveita o abraço para escorregar ombro alheio
meu ombro
e arreganhar meus dentes tímidos.
sua testa tem rugas espaçosas
nunca ocupam apenas seu cenho
se vêm, quando vêm,
invadem logo meu rosto
alojam-se sobre os cílios
sob os cabelos.
as lágrimas
que dos seus olhos brotam doces
dos meus olhos ácidas e impotentes
não podem secar as suas
mas vêm quando suas pupilas se encharcam.
os sonhos
em manada
são de longe os protagonistas
cambalhotam
tropeçam
cantarolam
escorregam por sua franja
em queda livre até meu peito
e me habitam
todos que te habitam
e já não sei sonhar por mim
sem também sonhar por ti.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Dificuldades
tenho escrito muitos rascunhos
tenho assistido filmes em parcelas
tenho tomado cafés frios
e sucos quase quentes.
durmo de cortinas abertas
a menos que chova
mas deixo chover em meu corpo
a menos que pouco.
não faz frio neste centro em que vivo
ainda não me despedi do verão.
três poemas restantes para o fim
do último livro traduzido de Szymborska
releio as primeiras páginas
agora ela dorme ao meu lado
em silêncio.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Feliz dia dos Pais
Uma gota de orvalho na folha de uma folhagem frondosa e selvagem a que chamam vida. Um jaó pousa despretensioso e terno o canto ecoa. Do lado de dentro da casa o cheiro da água que se adoça ainda no fogo para coar o café. A menina abre a porta de fora pra dentro, esteve a desenhar o orvalho, caminhou sobre o jardim, sobre os jardins de rosas e de manacás, sobre os jardins de begônias e quilômetros e quilômetros de casa. Mundo vasto mundo de tanta gente que floresce nas avenidas. Mas ao abrir a porta os livros na estante, os lápis de cor sobre a mesa, o pai à frente sibilando o bom dia. Ele abre os braços e acabou-se o medo no mundo, o medo do mundo. Que tentem as orquídeas amarelas, as poinsétias escarlates, as violetas lazulitas. Não há jardins de flores mais coloridas que vença, meu Deus, a ternura daquele abraço.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
O absurdo
Moro numa casa de gente branca
construída por gente preta
(por muita gente preta porque é uma casa grande).
Eu faço reciclagem
pra gente preta recolher
todas as quartas
e todas as sextas meu banheiro é limpo por uma mulher preta.
Minha casa está sempre cheia de gente preta
assim como no Brasil
tem sempre mais gente preta do que branca nessa casa de gente branca
então como é que dizem que ainda existe racismo?
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
8 de março
Sorrateiramente
a chama chegou.
Aqueceu os pés inchados
acariciou o chão puído.
Portas trancadas
janelas fechadas
fábrica em convulsão.
Em pleno século XIX
esta fogueira da Santa Inquisição
em que o papa era o burguês
e as bruxas eram as 130 operárias,
párias
da nação norte-americana
da cobiça soberana,
que ousaram gritar
por jornadas menores
salários melhores
e morreram.
Queimadas.
Sentenciadas
pela bondade do patrão.
Era 8 de março
e rastilho de transformação.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Carolina Maria de Jesus
Toda a dor e toda a luta
no quarto de despejo.
Carolina de Canindé
fez diário da ralé,
de todas as Marias
de Jesus e de Olorum.
Retratou a vida em cores
mas gostaria fosse opaca
porque a fome era amarela
e nas vivências da favela
essa cor era comum.
Dos seus livros publicados
a pergunta que pairava
Pode, uma favelada, escrever?
Mas, por cada letra eternizada
a pergunta, sensata, se refez
Sabe, a burguesia, ler?
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Entrelinhas
em persistente estado de provisoriedade,
as folhas da pequena samambaia permanecem sobre o chão da sala
a marca dos meus dedos poeirentos macula ainda a parede do quarto
os livros continuam pelos cantos
é sabido que a mudança urge
na acelerada frequência dos agudos de Audrey
nos ventos inesperados dessa estação
as possibilidades estão sobre a mesa
posta diariamente com filosofia e café
mas como irei organizar meus livros
limpar as paredes
e apanhar as folhas velhas
se ainda são entrelinhas confusas os meus versos mais sinceros?
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Marina, morena
Sem aviso
Marina, morena
Pulou em meus ouvidos
No arranjo de Paulo Moura
Sem cerimônia
Marina, morena
Puxou meu avô para a roda
Meu avô que já há tanto se foi
Meu avô que nem tão boa pessoa era
Que nem tão limpinho era
Que sempre acreditou em mim
Marina, morena
Ele agora assobia este samba
Ao meu lado
Com um olhar dos mais bonitos
E um perfume dos mais cheirosos
Marina de Caymmi
Não me avisou que ele vinha
O cavaquinho está desafinado.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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Ocê
Trenzin poderoso que é dizer ocê
na timidez dessas três letrinhas delicadas
cabe estrada, montanha e por de sol
só encher a boca pra assobiar “ocê”
Que o cheiro de café já passeia narina adentro
bolo de milho molha o beiço
colo de mãe aquece o peito
dentro do aconchego de dizer “ocê”.
Ocê que é jeitin de primeira casa
pé descalço em terra vermelha
bota de canto meu livro de filosofia
me presenteia com poesia
o vício de dizer “ocê”.
Ocê, que é do sul ao norte de Minas
de cada sotaque das Gerais
dentro d’ocê” mora tanta beleza
que ora veja que surpresa
até o amor dos mais sublimes
cabe dentro dessas três letras.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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28 de junho
A coragem içou a bandeira
corpos ressignificados por existências
extraordinárias
extraordinário fôlego
contra fuzis e pedras e submetralhadoras
e se casaram amores incastos
na castidade dos altares mais brancos.
também reivindicou-se o sol
ex-propriedade absoluta dos intolerantes.
hoje não são cinzas as avenidas
tampouco silenciosos os passos.
ousa abrir suas janelas
vê?
a liberdade vestiu todas as cores.
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
Prece inacabada
Devolva-me as minhas tardes alaranjadas sobre as paredes sem cor.
Já não são meus os olhos que lacrimejavam líricos,
tampouco reconheço a maciez das minhas mãos.
Como eram lúdicas as pegadas na areia levadas pelo mar.
Eu sonho em sentir saudade das bebidas adoçadas,
antes, porém, é preciso lembrar o gosto.
Dê-me um relógio,
uma ampulheta,
devolva-me a ilusão do tempo pois já não aguento mirar os ponteiros
sabendo que são inúteis.
O café sujou todos os meus versos.
Amargo. Amarelo. Agarro-me.
Cubro o rosto, mas os sinos de alguma igreja badalam.
É a segunda-feira outra vez,
indiferente a qualquer protesto,
mata mais um artista.
”
―
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Tropeço em Gabriel
um tropeço na cidade d’os angeles
um daqueles grandes
de acender faísca
e colocar fogo no tempo
na estrada
fogueira de madurar verso
e polvilhar sobre os ombros das crianças
muito embora desse fogo volta e meia se prefira
incandescer bandeiras brancas
e homens ordinários.
risca o fósforo
com a aspereza da língua nos dentes
recitando Piva e o manifesto da lisergia vespertina
a carne em fogo vivo
e daí já não se esquece
não há arte que não tatue a pele
e nem sonho que não faça arder.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Voo
A liberdade dos pássaros
O voo dos versos
A rima do tempo
A força dos pássaros
As asas dos versos
A poesia do tempo
Os versos
As horas
O voo o voo o voo
Sorver o café
Puxar a cortina
Retomar o trabalho
Enquanto o tempo se insiste incógnita
E os pássaros voam indiferentes aos ponteiros do relógio.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Enquanto os brancos mais pobres são mortos pela fome, pelas doenças e pela seca, os negros são mortos pelo preconceito, pelas portas fechadas em suas caras, pelos tiros trocados nas favelas – massivamente composta pela população negra, não por coincidência, mas porque são a herança que deixamos a esse povo após 1888.
”
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Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
É fila que se fura
é identidade que se burla
é imposto que se usurpa
e é a pergunta que não se faz:
Em que lado nós estamos?
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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“
Poemeto embriagado
aos versos recitados a seco
à música que borda o percurso
à estação que semeia os brotos das ideias destruídas
à coragem de estar sóbria em tempo de tiros verdes
e amarelos
à escrita
à escrita
em silêncio
um brinde
”
―
Maria Carolina Fernandes oliveira
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“
12 segundos
Despe.
Despela.
Descalça.
Desalinha.
Despede.
Desnutre.
Desfigura.
Descabela.
Desmanda.
Desmembra.
Descompassa.
Desassossega.
Doze palavras
que são mais que amontoado.
uma palavra por segundo,
uma mulher violentada
ao fim de cada leitura
deste poema.
”
―
Maria Carolina Fernandes Oliveira
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1
2
valdecir oliveira
Membro desde:
30/08/2022
Frase do Dia
“
Todos os homens podem cair num erro, mas só os idiotas perseveram nele.
”
—
Cícero
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