Frase de Filipe Marinheiro

Frase adicionada por FilipeMarinheiro em 31/01/2014


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Sou o que deveria ser e a mais não serei! Ser não serei, veria o que deveria mais ser o que serei mais ser sou, 
não tendo forças p’ra ser Sou o que a mais sou! Deverei? 
Transijo emendas ao contornar tua romã boca pressentindo o húmus dos melancólicos boulevards... 
adeus vestígios: a petulância!
Esperarei? Transijo ninhadas de primogénitos...adeus vestígios: a petulância!
Como poderei ter erguido o suicida punhal do Dom, oh, zarolho narcisismo que nele transbordas alhadas sorridentes, se a tristeza imensa oscula-me
inamovível cesura, ontem (raios de sol), hoje (nevoeiro-antracite) e amanhã (dilúvio-arco-íris)?
De gerânios-verdes-esbranquiçados a gerânios-verdes-metalizados, estico o funesto Dom girando-o! 
Teço, docilmente recreativo caminho-de-ferro de balaustrada a balaustrada (são enormes), e o epíteto Dom graceja, lastima, ressoa nas franjas das almofadas-esmeralda como agueiros d’ elasticidade onde perdura embalada frescura.
E ter Dom?
Ter Dom é flutuar no empoeirado parapeito-preto em cima duns sapos que por lá extasiam cúpulas vertiginosas e eu nunca saberei flutuar muito menos viver a ver sapos a foder! (Filipe Marinheiro)
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Filipe Marinheiro
Devorei pulsos em chamas.
Amplamente o rosto envolto por coágulos de sangue luzidio
a trespassarem as veias estanques como a enrolar
as cores existentes
por dentro.
Certo é percorrerem
todo esse ar
que engole o corpo celeste mergulhado
na textura do nosso corpo temporal.
Fico com as mãos
cheias de ossos trancados.
Levanto
a cauda de um espelho
e alongo as vísceras astronómicas,
com bastante força química,
a dilatar numa circulação sanguínea
até a leveza
da garganta se alagar
na sombra líquida
das artérias
contra o alto esquecimento das coisas profundas,
contra os tendões severos a racharem a boca desvairada.
Relembro quando adormecia
sobre todas as
coisas vivas ou mortas
por fora.
Submetia os lábios
a girarem a voz louca
ao lume pedestre
e ardia pelo estremecimento terrível
dos nervos cabeça adentro,
donde múltiplas
estrelas demoníacas
a baterem-se em mim longamente
param, a pouco e pouco, a potência que nunca me sorriu
e vago ou inocente deixo de caber
nos sítios superficiais
à minha volta.
Releio todas as cumplicidades translúcidas
a moverem toda a pele num feixe de pérolas
das salgadas mãos,
aos braços a escorrerem aquele alimento
metidos nas águas sentadas
no túmulo dessas estrelas tubulares.
A destreza deste poema extingue-se quando as unhas
tocarem na carne abaixo, rompendo,
com sinceridade,
a desvastação simbólica
da escrita furibunda
ou silêncio furibundo
a pesar com delicada melancolia.
Ouço o rasgão
do corpo a sangrar
com os tecidos dos versos
a palpitarem porque se nomeiam
e se escrevem dentro
da pulsação ininteligível.
Por cima,
devoro os pulsos em chamas.