Frase de Filipe Marinheiro
| “ Jamais te deves importar com a tremenda acção, música, textura, ritmo, cadência, métrica, desenho, estética, género, química, física, massa, espaço, tempo, contexto, situação, rima, estrofes, versos entre outros longínquos atributos perfilados da poesia, isso é muito e muito antes, logo depois... cá e lá a bater-te em toda a dimensão do ser fremente aqui e acolá... É cirúrgico futuro por vir, mas já veio ao pensamento intemporal! Basta então antecipares-lhe suas partículas invisuais, depois romperes as entrelinhas das camadas onde com a mesma indiferença prevês o tal sentido relativo, exacto, profanando consoante a sinfonia metamorfose da melodia. É nesse instante momento sobrenatural que vais sentir e escutá-la adivinhando-lhe a restante beleza porvir. A poesia nunca mais será a mesma, um desregulamento torrencial infinito metafísico, sendo-a apenas!” |
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Mais frases de Filipe Marinheiro
| “ Devorei pulsos em chamas. Amplamente o rosto envolto por coágulos de sangue luzidio a trespassarem as veias estanques como a enrolar as cores existentes por dentro. Certo é percorrerem todo esse ar que engole o corpo celeste mergulhado na textura do nosso corpo temporal. Fico com as mãos cheias de ossos trancados. Levanto a cauda de um espelho e alongo as vísceras astronómicas, com bastante força química, a dilatar numa circulação sanguínea até a leveza da garganta se alagar na sombra líquida das artérias contra o alto esquecimento das coisas profundas, contra os tendões severos a racharem a boca desvairada. Relembro quando adormecia sobre todas as coisas vivas ou mortas por fora. Submetia os lábios a girarem a voz louca ao lume pedestre e ardia pelo estremecimento terrível dos nervos cabeça adentro, donde múltiplas estrelas demoníacas a baterem-se em mim longamente param, a pouco e pouco, a potência que nunca me sorriu e vago ou inocente deixo de caber nos sítios superficiais à minha volta. Releio todas as cumplicidades translúcidas a moverem toda a pele num feixe de pérolas das salgadas mãos, aos braços a escorrerem aquele alimento metidos nas águas sentadas no túmulo dessas estrelas tubulares. A destreza deste poema extingue-se quando as unhas tocarem na carne abaixo, rompendo, com sinceridade, a desvastação simbólica da escrita furibunda ou silêncio furibundo a pesar com delicada melancolia. Ouço o rasgão do corpo a sangrar com os tecidos dos versos a palpitarem porque se nomeiam e se escrevem dentro da pulsação ininteligível. Por cima, devoro os pulsos em chamas.” |
Filipe Marinheiro