Frase de Emmanuel Ferraz

Frase adicionada por EMMANUELFERRAZ em 29/07/2016


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Na lentidão de uma tarde fria. Ela jogava pedras á beira do lago. 
 Memórias a revisitavam, e o silêncio, era quebrado apenas, pelo toque das pedras que lançava. 
 O mundo com o passar dos anos girava mais devagar. Era então, momento de observar. 

 Dalí mesmo, do lago, um reflexo desforme nas águas. Uma imagem mais jovem, talvez mais doce. A água era doce. Tal como a memória que lhe desenhava o sorriso. 

 Sua imagem no lago, mais comprida, à cada passo longe da margem, tornava menos possível acertar o seu reflexo. Aproximou-se, percebeu pequenas ondulações do impacto de seu arremessos. O céu fechado, esbranquiçado, carregado de lágrimas. Um susto. A memória tão envolta no passado, por um momento, esquecera-se dos cabelos mais alvos, da pele mais flácida, dos ombros mais inclinados. O reflexo mais próximo denunciava uma alma nublada. 

 Aquele lago, naquela tarde, lhe mostrava o que a memória escondia. 
 Era como se as ondulações lhe sussurrassem algo da vida. 
 Como se o vento frio zunindo lhe desse um recado. 
 Como se a memória fosse mais atraente do que o reflexo. 
 Como se o presente fosse mais apartado, e, o futuro, esse, bem mais curto que o passado. 

 Ela deixou o lago, recobriu-se com uma manta, entrou na casa. 
 Perdida na memória, envolvida na sua juventude, vai se resfriar, perder a hora dos remédios. (Emmanuel Ferraz)
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Emmanuel Ferraz
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