Frase de Alan Duca

Frase adicionada por Duke em 25/10/2025


Imagem da Frase:



O beijo da dama de preto

Nos véus cadavéricos da Noite imunda,
Ela baila ossatura que o pó circunda,
E os vermes, lúbricos, sob a epiderme fria,
Lambem-lhe os pés com mórbida cortesia.

Teus olhos, Muerte, têm fosforescência,
De urânio triste, em mórbida clemência;
E o hálito teu, que em flor parece um rito,
É gás letal de um Éden putrefito.

Como drogas que iludem o raciocínio,
Pílulas vãs — placebo do delírio,
Tu anestesias a dor que me devora,
Mas roubas-me a alma gota por hora.

És Santa! És víbora! És ciência e pecado!
Do sangue humano és ácido sagrado,
E conduzes, rindo, a carne impotente,
Ao pó teu berço!  ventre incandescente!

E ao fim percebo — ó Esfinge funerária,
Que a cura é ilusão bacteriária:
Tanto o remédio quanto o beijo teu
São filhos mortos do mesmo Deus! (Alan Duca)
Mais frases de Alan Duca