Frase de João Morgado


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Dançava como um títere, tendo os cordéis dentro dela, atados na alma. Depois tomou-me nos seus braços e, sem pedir, desapegou-me das roupas. De todas as roupas. Colocou-me a outra coroa e convidou-me para dançar com ela, os dois nus. O meu corpo não tinha cordéis na alma, apenas acanhamento; sentia-se vazio de música. Mas ela pegava-me nos braços, endemoninhava-me o corpo, arrastava-me no seu bailado revolto. E ria. Um sorriso que se media a palmos como se mede o diâmetro do mundo, redondo, grávido, imenso. E eu entrei dentro desse sorriso, onde coube nu e sem vergonha. E dancei com ela como dança um louco, como se não houvesse amanhã, como se o hoje fosse pouco. E quando os nossos corpos caíram na cama, despidos e cansados, dormimos como dormem as flores, caídas umas sobre as outras, a partilhar o calor, a dividir o luar. Só quando tudo dormia já, senti que havia música dentro de mim. Finalmente. Música… (João Morgado)
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Sobre o Autor:
João Morgado
João Morgado


Nascimento: 1965 (59 anos)

Ocupação: Escritor

Biografia: João Morgado é um escritor português. Poeta e romancista, é formado em Comunicação pela Universidade da Beira Interior e tem um mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Salamanca, Espanha, e uma pós-graduação em Marketing Político pela Universidade Independente/Universidade de Madrid. Trabalhou como jornalista e, para além da imprensa regional, escreveu no diário “Público” e semanário “Sol”. É atualmente consultor de comunicação nos meios empresariais e políticos. Na literatura, afirmou-se com dois romances: «Diário dos Infiéis», 2010, e «Diário dos Imperfeitos», 2012. Estas duas obras foram posteriormente adaptadas ao teatro pela ASTA – Associação de Teatro e outras Artes.

Frase do Dia

Tem gente que está do mesmo lado que você, mas deveria estar do lado de lá. Tem gente que machuca os outros. Tem gente que não sabe amar...

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